São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995 |
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Sem-terra e a Globo
NELSON DE SÁ
- Posseiros invadem fazendas, queimam casas e matam fazendeiros em Mato Grosso. Manchete do Jornal Nacional no dia 24: - Trabalhadores sem-terra fazem treinamento para resistir a ordem de retirada. Primeira manchete do Jornal Nacional no dia 29: - Exclusivo: comerciante ganha do Incra terra da reforma agrária que vale R$ 5 milhões. Chamada do Globo Repórter de ontem: - Uma denúncia: um proprietário de seis terrenos se junta aos sem-terra para invadir uma fazenda produtiva. E depois dizem que a nova velha Globo mudou. Mais um Foi um "sequestro simulado" por três meninas de 12 e 13 anos, que, "de tanto ouvir falar em sequestro", gostaram da brincadeira. Até o Aqui Agora se revoltou. - O sequestro virou deboche, foi banalizado. Vale lembrar que, se alguém merece crédito pela banalização do crime, é o próprio Aqui Agora -que segunda-feira cai de horário, por conta. Mas ontem, no mundo do sequestro real, "mais um abalou o Rio", noticiou a TVE. Parece não haver descanso. De todo modo, ficou registrada, na televisão, a felicidade dos reféns libertados. O empresário foi o mais determinado. Na Manchete: - Eu gosto muito do Rio. Na minha cabeça, eu não saio do Rio, não. Na Globo, ainda ele: - A ação da polícia foi espetacular. Nada derruba o carioca. Eis a questão Nem escuta, nem tráfico de influência, nem nada. Para o presidente Fernando Henrique, ontem na televisão, o caso tomou "um vulto que precisa ser diminuído". Ele não quer que um projeto "necessário ao país", que "já passou por cinco comissões", que tem financiamento externo, seja prejudicado "por questão de política menor". Ele não vê provas e encerra, à Hamlet, "o Brasil precisa controlar a Amazônia, esta é a verdadeira questão". Ao mesmo tempo, à Hamlet, "admite pela primeira vez que o projeto pode ser anulado", segundo o SBT. Texto Anterior: Rotina da PF contradiz depoimento de Chelotti Próximo Texto: Fazendeiros vão se armar, diz ruralista Índice |
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