São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995
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Fraudes telefônicas custam R$ 5 milhões

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a escuta atinge a privacidade dos usuários, as companhias telefônicas sofrem prejuízos com as fraudes em aparelhos celulares. Só neste ano, calcula-se que as empresas do Sistema Telebrás deixaram de faturar R$ 5 milhões em função desses "golpes.
Segundo a Telesp (Telecomunicações de São Paulo), a fraude mais frequente no Brasil tem sido a compra de aparelhos com identidade e endereços falsos.
A Telesp informou que os casos identificados em São Paulo estão sendo investigados pela Polícia Federal porque há indícios de que o esquema esteja sendo usado por traficantes de drogas e de armas.
A suspeita surgiu em função da incidência de ligações internacionais, com até uma hora de ligação, para a Colômbia e para o Líbano.
As ligações para a Colômbia seriam indícios de narcotráfico, enquanto as destinadas ao Líbano indicariam tráfico de armas. Os aparelhos são usados durante cerca de um mês e são destruídos.
O esquema atende a dois objetivos do crime organizado: não ser identificado e não pagar a conta. Há casos de calotes de US$ 100 mil em apenas um mês.
O Sistema Telebrás está preparando uma concorrência para adquirir sistemas de rastreamento de fraudes em celulares, porque teme a proliferação de um outro tipo de "golpe": o clone, que está disseminado nos Estados Unidos.
Segundo Bruno Cunha, consultor da Digital, empresa especialista em software de rastreamento de fraudes em celular, o clone seria o sósia de um outro telefone.
Por meio de um equipamento de rastreamento (scanner), o fraudador sintoniza a frequência (de 800 a 900 megahertz) das comunicações telefônicas celulares e capta o código de registro de um aparelho.
O código, armazenado no banco de dados das companhias telefônicas, é emitido quando alguém faz ou recebe ligação pelo celular.
O fraudador copia esse código em um aparelho telefônico novo, e ele passa a funcionar com o mesmo número do que foi copiado.
Segundo a Telesp, só em 1994 as companhias telefônicas celulares dos Estados Unidos tiveram um prejuízo de US$ 500 milhões provocado pelos clones.
Nesse caso, as chamadas feitas pelo fraudador caem na conta do outro aparelho e acabam sendo pagas pela companhia telefônica.
Segundo Bruno Cunha, o aparelho de rastreamento usado para capturar os códigos dos telefones no ar podem ser encontrados em lojas nos Estados Unidos, o que dificulta o combate à fraude.
As telefônicas equipam-se de sistemas de rastreamento, que permitem identificar ligações simultâneas com mesmo número de telefone. Detectada a fraude, cancelam o número do telefone e trocam o aparelho do assinante.

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