São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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Processo de fusões entre bancos deve se acelerar

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O Banco Bandeirantes formaliza hoje a incorporação do Banco Banorte acertada na noite da sexta-feira passada e anunciada no sábado, após dois meses de negociações.
Foi também em um sábado, dia 18 de novembro, que houve a divulgação da compra do Banco Nacional pelo Unibanco.
Tudo indica que o processo de fusões e compras de bancos deve prosseguir, ajustando o sistema financeiro a um período de baixas taxas de inflação e necessidade de investimentos tecnológicos.
A abertura da economia para o exterior e a concorrência ampliam as necessidades de investimentos em informática para oferecer comodidade aos clientes.
Na nota distribuída à imprensa, o Banco Bandeirantes e o Banorte informam que "estão unindo suas forças para criar mais um novo banco brasileiro de grande porte, pronto para enfrentar os desafios de uma economia cada vez mais globalizada".
Sábados
Chamou atenção a divulgação das fusões em sábados. O presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Maurício Schulman, diz que não há nada de errado dos anúncios das fusões e aquisições serem feitos nesses dias. Segundo ele, isso é até interessante pois dá aos clientes das instituições tempo para analisar as informações durante o final de semana e as agências abrirem com tranquilidade na segunda-feira.
O diretor-geral do Banco Bandeirantes, Geraldo Machado, diz que "nada muda para os clientes", ou seja, as agências do Bandeirantes e Banorte abrem normalmente hoje, realizando todas as suas operações.
A expectativa é que o Banco Central formalize em breve a incorporação. A operação já recebeu "o sinal verde" do BC, diz Machado.
Os dois bancos têm atuação mo mercado de varejo de pessoas físicas de alta renda com utilização crescente de informática, especialidade no atendimento a pequenas e médias empresas e com abrangência regional. O Bandeirantes com maior presença na região Sudeste e o Banorte, no Nordeste.
Os dois bancos têm mais de 50 anos de existência e são presididos por Gilberto de Andrade Faria (Bandeirantes) e Jorge Amorim Baptista da Silva (Banorte).
Os atuais acionistas do Banorte terão assento no conselho de administração do novo Banco Bandeirantes, segundo o acordo divulgado no sábado.
Análise
Joe Yoshino, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, diz que a estabilidade econômica trazida pelo Plano Real deve promover novos ajustes no mercado financeiro com continuidade do fortalecimento do sistema por meio de fusões e compras de bancos.
A necessidade de redução de custos deve promover nova onda de demissões com as fusões e compras de bancos. O próprio presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, já declarou que "o bancário é uma profissão em extinção".
Segundo Yoshino, o sistema bancário empregava 1 milhão de trabalhadores em 1985 e deve fechar a folha de pagamentos este ano com 570 mil.
Para o professor, os ajustes no sistema devem prosseguir. Em economias estabilizadas como a da Alemanha, a participação do sistema bancário representa 3,5% do Produto Interno Bruto; nos Estados Unidos, 4% do PIB e no Brasil, 8%.
Maria Alejandra Madi e Patrícia Meleti, da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap-Iesp), no trabalho "Tendências estruturais dos bancos privados no Brasil", afirmam que "muitos bancos somente poderão enfrentar a desregulamentação dos mercados e a estabilidade econômica por meio de parcerias e associações, de forma a obter economias de escala e otimizar sua estrutura de rede de negócios".
Haverá dificuldades para "bancos de médio porte com estrutura de agências regional, exceto se explorarem segmentos e nichos de mercado, inclusive através de associações e parcerias", dizem.

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