São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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O novo conceito de livraria

HELCIO EMERICH

As livrarias são um dos mais novos negócios do mercado americano a aderir à filosofia do "quanto maior, melhor". Enquanto no Brasil a comercialização de livros vai vivendo a sua rotina, sem grandes novidades em termos de lojas, instalações e serviços (a não ser a abertura de uma ou outra filial dentro de novos shopping centers), as maiores cadeias de livrarias dos EUA fogem da saturação dos "malls" e partem para o conceito das "superstores", estabelecimentos onde os consumidores são brindados com um sortido bufê de atrações, como bares expressos, salas com mesas e poltronas confortáveis para leitura, música ambiente, miniteatros ou auditórios, jogos, brinquedos e vídeos para crianças e -o que é mais importante- uma filosofia de atendimento definida como "browser friendly", algo capaz de deixar os clientes inteiramente à vontade para examinar e folhear as obras à venda. A idéia por trás dessa onda de renovação é a de que uma livraria não pode mais se limitar à sua tradicional função de mero empório de livros ou de local onde os escritores comparecem para autografar seus lançamentos. É preciso que assumam um novo papel, o de centros de encontros, onde a comunidade possa dividir o seu interesse pela leitura e participar de eventos ligados à cultura. Algumas dessas megalivrarias têm, em média, quatro vezes o tamanho das lojas convencionais instaladas nos shoppings americanos e oferecem um estoque de livros cinco vezes maior (de 120 mil a 150 mil títulos).
Nos últimos seis anos a Barnes & Nobles abriu 17 novas "superstores", seguida pela Crown Books (16). A Waldenbooks inaugurou 8, mas está a caminho de ter 50 lojas até o ano 2000. Tendo nascido como autêntica "livraria de shopping", sua nova rede foi batizada com outro nome, Basset Bookshop, exatamente para se desvincular da antiga imagem e se posicionar segundo o atual conceito de centro cultural integrado. Um dos objetivos da empresa é aumentar para 60 minutos o tempo médio de permanência dos clientes nas lojas (nas suas livrarias montadas em shoppings, a média era de 15 a 20 minutos).
A força que move essas corporações a mudar os padrões de oferta dos seus produtos não é simplesmente cultural, é claro. Como em qualquer outro negócio, a palavra-chave aqui é "competição". As grandes cadeias de livrarias respondem hoje somente por 40% das vendas de livros nos EUA e prestar melhores serviços ao público-leitor representa a oportunidade de abocanhar fatias cada vez maiores dos restantes 60% do mercado, ainda nas mãos dos livreiros independentes (a maioria sem cacife para bancar instalações luxuosas e atendimento sofisticado).
Um mercado tentador, diga-se de passagem: nos últimos cinco anos, chegou a apresentar taxas anuais de crescimento de até 8%. De 1990 para cá, o número total de livrarias nos EUA aumentou 76%, o que coloca a expansão desse tipo de varejo atrás apenas das cadeias de fast-food (os dados são da ABA - American Bookstores Association).

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