São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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Novas montadoras investem US$ 2,3 bilhões

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fabricantes de veículos da Europa e da Ásia planejam "invadir" o Brasil nos próximos anos.
Somente nos últimos 120 dias, quatro empresas -a francesa Renault, a alemã Mercedes-Benz e as sul-coreanas Hyundai e Asia Motors- anunciaram investimentos que, somados, chegam a US$ 2,3 bilhões até 1999.
Esse valor é equivalente ao total de recursos que a Volkswagen, por exemplo, pretende aplicar no país até 99 (US$ 2,5 bilhões).
Essas montadoras estão chegando ao país de olho no promissor mercado latino-americano. Segundo cálculos do setor, 4,5 milhões de veículos estarão sendo vendidos na região no ano 2000. O mercado brasileiro deve ser responsável por 3 milhões de unidades.
Além de europeus e coreanos, os japoneses também estão chegando. Na sexta-feira passada, foi a vez da Toyota divulgar seus planos para o Brasil. Porta-voz da montadora informou, em Tóquio, que a Toyota pretende fabricar 20 mil carros compactos no Brasil a partir de 97. O valor do investimento não foi revelado.
A Honda fez anúncio semelhante há dez dias. O vice-presidente executivo da empresa, Yoshihide Munekuni, disse, em Tóquio, que a montadora pretende produzir 15 mil modelos Accord por ano para vender no mercado sul-americano. Também não disse quanto pretende investir.
A francesa Renault foi a primeira a definir seus planos. No dia 27 de julho, a direção da empresa comunicou a decisão de investir US$ 1 bilhão no país para fabricar, a partir de 99, 100 mil unidades/ano do Mégane, carro médio da marca que substituirá o Renault 19.
Pierre Poupel, diretor da Renault encarregado do projeto de instalação da empresa no país, diz que o local da nova fábrica será divulgado no início de 96.
A alemã Mercedes-Benz traz US$ 400 milhões para construir uma fábrica de automóveis e produzir 80 mil carros compactos por ano.
A coreana Asia Motors anunciou, no final de outubro, que fará um investimento de US$ 500 milhões para fabricar 50 mil veículos por ano a partir de 1997.
Outra coreana, a Hyundai, quer montar 30 mil picapes e peruas por ano no país e prevê investimento inicial de US$ 400 milhões. Mas os planos foram "temporariamente paralisados" no início do mês.
Emílio Julianelli, diretor do Grupo Regino, importador oficial da marca, diz que a Hyundai vai esperar uma definição da política industrial do Brasil para o setor automotivo.
Outras sete marcas já manifestaram intenção de colocar um pé no país: as japonesas Mitsubishi, Nissan e Daihatsu, as coreanas Kia e Daewoo, a alemã BMW e a francesa Peugeot.
A América Latina é um mercado quase inexplorado pela indústria de automóveis e com grande potencial de expansão.
A avaliação é de Moyses Gedanke, diretor-executivo da empresa de consultoria Arthur D. Little e especialista na área.
"A América Latina consome hoje cerca de 2,5 milhões de veículos por ano. Esse volume pode facilmente dobrar até o ano 2005", diz Gedanke. "Ninguém quer ficar fora desse mercado".

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