São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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Déficit persistente

A previsão de técnicos do governo de que as contas públicas poderão fechar o ano com déficit operacional de R$ 20 bilhões não chega a surpreender, mas confirma um quadro preocupante.
Ainda mais grave do que esse saldo negativo, provavelmente inevitável, é que não estejam à vista providências capazes de reverter rapidamente tal situação.
As taxas de juros, uma das causas principais do desequilíbrio deste ano, seguem elevadíssimas e, segundo a programação monetária do BC, continuarão altas em 96, 16% acima da inflação anual.
O resultado das contas de 95 antes do pagamento de juros foi positivo até agosto, mas não o suficiente para acomodar o custo do serviço das dívidas da União, das estatais, dos Estados e dos municípios.
Nos oito primeiros meses do ano, o setor público registrou superávit primário de R$ 6,8 bilhões. Mas, quando computado o custo dos juros reais (acima da inflação), esse saldo é substituído por um déficit de R$ 15 bilhões no período.
Em face desse número, é razoável, se não for mesmo otimista, a previsão de que até o final do ano o resultado negativo atingirá R$ 20 bilhões. É verdade que a rigidez legal dos dispêndios públicos foi amenizada pelo Fundo de Estabilização Fiscal. O restante das reformas, porém, progride lentamente.
O descontrole dos gastos e o peso enorme da política de juros assumem o primeiro plano entre os desafios de longo prazo da estabilização. São males que não podem ser tolerados impunemente por muito tempo. Que em 96 esses desafios sejam enfrentados com a necessária energia.

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