São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Episódio sexual

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

No Jornal Nacional:
- Soldados brasileiros estão cercados por guerrilheiros em Angola.
As manchetes pareciam aproximar o Brasil do Primeiro Mundo. Afinal, ter soldados em força de paz pelo mundo é um orgulho -assim como é uma polêmica a possibilidade de ter brasileiros mortos pelo mundo. (É uma imensa polêmica, por exemplo, a possível morte de americanos na Bósnia.)
As manchetes estavam quase a indicar um Brasil, como quer Fernando Henrique, presente no cenário mundial.
Mas não, não era bem assim. Do embaixador brasileiro em Angola, ouvido na Globo sobre os motivos para o cerco pelos guerrilheiros:
- E haveria a alegação de um episódio sexual entre um militar brasileiro e uma mulher angolana.
Um "episódio sexual", ou, na descrição menos contida da própria Globo:
- Fontes do comando da ONU, citadas pela agência de notícias EFE, relatam que um militar brasileiro é acusado de ataque sexual.
Falando posteriormente ao SBT, o embaixador aceitou mudar a expressão, mas não se deu por vencido:
- Quanto ao alegado abuso, por ora é apenas alegado. E neste tipo de situação eu creio que inclusive, mesmo que eventualmente tenha ocorrido, é extremamente difícil de ser provado.
Com certeza, com certeza. Mas o embaixador em Angola tinha mais a dizer:
- E há uma interpretação política possível -de que, já que o presidente José Eduardo, de Angola, está se dirigindo aos Estados Unidos, talvez haja uma tentativa de exploração por parte da Unita.
Talvez sim, mas talvez haja outra interpretação.
Em liberdade
Ele "resolveu denunciar as irregularidades envolvendo a CUT e o PT: foi o começo de uma briga que terminou com o assassinato dele".
A descrição da Cultura, para a morte de Oswaldo Cruz, é ainda menos chocante do que a informação de que "recebeu quatro tiros nas costas" -mas o assassino foi condenado a apenas "seis anos de prisão em regime semi-aberto".
Aliás, "em fevereiro ele completa um terço da pena e cumpre o resto em liberdade".

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