São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Mortos integrantes de ONG de garotos de rua

VANDECK SANTIAGO; FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Os integrantes do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, Edson dos Santos Turiano e José da Silva foram mortos a tiros na madrugada de anteontem, na região metropolitana de Recife (Pernambuco).
Silva denunciou a existência de grupos de extermínio de jovens em Pernambuco, em depoimento à CPI do Extermínio (1991-92).
A polícia suspeita que a morte dos dois esteja ligada à atuação deles no movimento, uma organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Outra hipótese é uma suposta briga de gangues.
O assassinato dos rapazes ocorreu no mesmo dia em que o Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua recebeu do presidente Fernando Henrique Cardoso o primeiro prêmio Direitos Humanos, categoria ONGs.
Segundo estatística do Departamento de Proteção da Criança e do Adolescente, este ano foram assassinadas em Pernambuco 179 crianças e adolescentes.
"A atitude dos criminosos nos leva a crer que são integrantes de grupos de extermínio", disse a diretora do Departamento de Proteção à Criança e ao Adolescente, delegada Olga Câmara.
Segundo Câmara, testemunhas afirmaram que Silva e Turiano foram sequestrados da casa de um amigo, no bairro de Chão de Estrelas, na periferia de Recife, por cinco ou seis homens encapuzados e armados que se diziam policiais.
Ainda segundo as testemunhas, um dos criminosos apontou um revólver para um dos rapazes da casa e foi repreendido pelo suposto chefe do grupo. "Esse aí não, só queremos os dois", teria dito ele.
Para Câmara, as vítimas estavam sendo vigiadas. "Elas não estavam na casa delas, mas na de amigos, onde foram assistir TV."
Turiano e Silva foram levados em um Monza e um Fiat, de placas não anotadas. Os corpos dos rapazes foram encontrados no acostamento da PE-22, em Paulista (15 km de Recife), às 3h, cinco horas depois do sequestro.
Segundo a delegada Silvia Costa, que iniciou as investigações do caso, Turiano foi morto com cinco tiros e Silva, com seis. Até o início da noite de ontem o Instituto Médico Legal não havia divulgado o laudo dos exames dos corpos.
O governador Miguel Arraes (PSB) determinou a apuração rigorosa do crime e designou um delegado especial, Djalma Raposo, para apurar o caso.

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