São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Traficantes cercam policiais do Rio em SP

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro policiais cariocas foram cercados por traficantes na favela do Vietnã, na Vila Santa Catarina (zona sul), e tiveram de receber ajuda de cerca de 60 policiais paulistas para entrar no local após um tiroteio que durou uma hora.
Ninguém ficou ferido. Os policia da DRE (Divisão de Repressão a Entorpecentes) do Rio estavam atrás de Nelson Ilário Ferreira Filho, o Nelson Gabino, acusado de sequestros e tráfico de drogas. Eles haviam tentado invadir a favela sozinhos.
Após o término do tiroteio, os policiais entraram na favela e fizeram uma operação "pente-fino".
Em um barraco que pertenceria ao líder do tráfico na favela, conhecido apenas como "Baianinho", os policiais apreenderam 1.287 papelotes de cocaína, 124 cartuchos de revólveres, pistolas e espingardas. Ninguém foi preso.
Os policiais da zona sul paulistana não haviam sido avisados da presença dos policiais do Rio e só souberam quando estes pediram auxílio, cercados pelos traficantes (leia texto ao lado).
A ação confirmou que Nelson Gabino estava na favela. Acusado de ser um dos líderes do tráfico de drogas no Morro da Mineira (Rio), ele seria do Comando Vermelho.
Gabino também é suspeito de ter participado do sequestro do estudante Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Filho, filho do presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro).
Os policiais da DRE eram chefiados pelo delegado Marcos Alexandre Cardoso Reimão, 32. Reimão e três detetives chegaram à favela do Vietnã por volta das 16h.
Eles chamaram uma moradora e perguntaram qual era o barraco de Nelson Gabino. Em seguida, os policiais se dividiram. O detetive Carlos Henrique Barboza Almeida, 35, estava em uma viela quando foi cercado por cinco homens.
Os cinco desarmaram e roubaram o policial. Entre eles, estariam Baianinho, Nelson Gabino e um outro traficante da favela conhecido como "Preto". Os outros policiais foram socorrer o colega, começando o tiroteio.
Como foram encurralados pelos traficantes, os policiais do Rio decidiram pedir apoio à polícia paulista.
O Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), a PM e a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) cercaram e revistaram vários barracos da favela.
Ontem, policiais da Rota fizeram rondas na favela, onde mora um irmão de Gabino. O ajudante José Maria Ferreira, 34, confirmou que seu irmão estava hospedado havia alguns dias em sua casa.
Até as 20h, nenhum dos suspeitos de enfrentar a polícia havia sido preso, embora uma foto dos acusados tenha sido apreendida.

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