São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Fluminense acerta 'trégua' para vencer

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O atacante Renato Gaúcho, capitão do Fluminense, transformou-se ontem em falso técnico e diretor do clube para pedir um pacto pela vitória contra o Santos.
Revoltados com o atraso de dois meses nos salários, além de prêmios e adiantamentos, os atletas se rebelaram anteontem contra a diretoria do clube.
Às 16h36 de ontem, começou reunião da equipe com o treinador Joel Santana, no gramado do estádio das Laranjeiras.
Em seguida, Joel afastou-se e Renato passou a discursar, aos gritos. Depois dele, falou o meia Aílton. Ambos usaram muitos palavrões.
Aceitando proposta de Renato, os jogadores decidiram não falar mais em dinheiro, pelo menos até hoje à noite.
Eles fecharam um "pacto de honra" para derrotar o Santos, revertendo a vantagem da equipe paulista de jogar por dois empates para ir às finais, por ter feito melhor campanha.
"Eu sou um jogador de decisões", disse Renato. "Quando cheguei ao clube, no início do ano, falei que muitos aqui teriam o prazer de dar uma volta olímpica pela primeira vez."
"Conseguimos no Campeonato Estadual. O pessoal, desentrosado, bateu cabeça na volta olímpica. Queria quebrar a taça e dividi-la em campo. Agora, estamos entrosados para ser campeões."
Até agora os jogadores não receberam os prêmios pela conquista do Estadual do Rio, em junho.
Nem os salários de outubro e novembro. O de outubro seria pago com cheques ontem à noite. Neste ano, alguns atletas receberam cheques sem fundos do clube.
O Fluminense deve cerca de US$ 1,5 milhão aos jogadores. Espera arrecadar R$ 3 milhões nas semifinais e finais.
Há 96.500 ingressos à venda para hoje. O ingresso de arquibancada custa R$ 15,00. A renda pode atingir R$ 1,537 milhão.
O time quer vencer o Santos para assegurar o recebimento do dinheiro que o clube deve.
"Representaremos o Rio com a dignidade de campeões estaduais", afirmou Joel Santana, treinador do Fluminense.
A tintura vermelha no cabelo do jogador santista Giovanni foi motivo de chacota.
"Vamos apagar o fogo do cabelo dele", afirmou o zagueiro Sorlei. "Mas para isso, é preciso marcá-lo, porque Giovanni é 50% do Santos", acrescentou.
Sorlei disse temer "invasão" de torcedores santistas hoje no estádio do Maracanã.
O dramaturgo e cronista esportivo Nelson Rodrigues costumava dizer que o Santos é "o mais carioca dos clubes" por causa, entre outros motivos, do grande apoio que recebia quando jogava no Maracanã durante os anos 60.
Contra equipes estrangeiras, o Santos gostava de jogar no Rio de Janeiro porque temia que outras torcidas paulistas apoiassem o adversário se as partidas fossem em São Paulo.
Os cariocas lotavam o Maracanã para apoiar Pelé e cia.
Hoje ministro dos Esportes, Pelé pediu aos santistas residentes no Rio que apóiem o time no Maracanã.

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