São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Perigosa barganha

Há um problema central que hoje deixa a maioria dos observadores da economia de cabelo em pé: o desequilíbrio das contas públicas.
Sabe-se que a luta contra a inflação será vitoriosa apenas à medida que se consiga reformar o Estado e sanear as contas públicas. Os números mais recentes mostram uma grave deterioração dos vários indicadores de dívida e déficit para todos os níveis de governo.
Entretanto, o descalabro é maior ainda quando se examinam as contas de Estados e municípios. E não se trata apenas de juros altos.
Preocupa muito, assim, a movimentação de governadores para contornar as exigências de rigor fiscal cobradas pelo governo. Segundo o secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente, está em curso no Senado uma articulação para reduzir o comprometimento das receitas estaduais com pagamento de dívidas (de 11% para 7%).
Se vitoriosa, essa articulação inviabilizará o programa de ajuste fiscal criado na semana passada pelo Conselho Monetário Nacional.
Paralelamente, os governadores do Nordeste empreendem uma ofensiva especial, reavivando o lobby regionalista com a mesma finalidade: dobrar o governo federal, flexibilizar o ajuste fiscal para gastar mais num ano eleitoral.
Está chegando a hora da verdade. O ajuste das finanças estaduais é inadiável. O fantasma de uma barganha política que mais uma vez adie esse ajuste é hoje uma das principais ameaças à credibilidade da estabilização econômica.

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