São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995 |
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Arte erótica invade museus e mercados
EMANUEL NERI
Os "huacos" são vasos de cerâmica da cultura moche (300 a.C. a 800 d.C) cuja temática é o erotismo. Em geral, são reproduções de relações sexuais. De homens e de animais. Os mochicas reproduziram os costumes de sua época. "Os mochicas foram os fotógrafos da sua história", diz Luci Linares, chefe do Departamento de Cerâmica do Museu Nacional de Antropologia de Lima. A arte mochica é vasta e não está ligada apenas a motivos eróticos. Segundo Luci, somente 10% têm essa temática. Foi suficiente para tornar a arte erótica mochica motivo de grande curiosidade. O erotismo reproduzido pelos mochicas é curioso. A começar pelos objetos utilizados -quase sempre utensílios domésticos de cerâmica, como vasos. Os vasos com a temática erótica têm várias interpretações. Uma delas é a realista. O ato sexual era representado exatamente como acontecia. Geralmente a relação ocorria por via anal -a vagina era usada mais para reprodução. Há peças com temática claramente humorística. Um dos tipos mais comuns é uma espécie de caneca. Na parte superior, utilizada para se levar a água à boca, há inúmeros furos. Resta como a alternativa beber pelo orifício de um pênis ereto, na lateral do vaso. Outros têm temática moralizante. Um ou os dois parceiros da relação sexual são representados por esqueletos e caveiras. A religião também está presente -alguns vasos têm deuses e sacerdotes participando do ato sexual. São abundantes as representações de sexo oral. Nas relações anais, muitas vezes a mulher manifesta expressão de desagrado. O homem, ao contrário, demonstra sempre expressão de prazer. Os mochicas eram versáteis em suas relações sexuais. Há representações em que dois homens mantém relações com uma só mulher. Em outras, há duas mulheres com apenas um homem. Há vasos em que a representação do ato sexual é claramente homossexual -entre dois homens. Mas não existe registro de relação homossexual entre duas mulheres. Endereços para visitação de arte erótica - Museu Nacional de Antropologia (Plaza Bolivar s/n, Pueblo Libre, Lima, tel. 463.5070), Museu de la Nación (av. Javier Prado Este, 2465, San Borja, Lima, tel. 4769822), Museu Rafael Larco Herrera (av. Bolivar, 1515, Pueblo Libre, tel. 4631312), Museu Cassinelli (Chiclayo) Texto Anterior: País quer mais turistas Próximo Texto: Cuzco e Machu Picchu são visitas obrigatórias no país Índice |
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