São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Capital alemã é hoje um canteiro de obras

EDUARDO SIMANTOB
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

A capital da Alemanha reunificada é hoje um canteiro de obras. A porção oriental da cidade, antes capital da extinta República Democrática Alemã (RDA), corre atrás do tempo e de investimentos para homogeneizar seu perfil à sua cara-metade ocidental.
Não bastasse isso, uma obra orçada entre US$ 2,35 bilhões e US$ 3,3 bilhões -quase três vezes o custo inicial do projeto Sivam- divide seus habitantes. É o "Tiergartentunnel", ou túnel sob o Tiergarten, o parque central de Berlim.
Cerca de 60 organizações não-governamentais juntaram esforços para criar uma "Buergerinitiative" (iniciativa dos cidadãos) destinada especificamente, se o projeto não for abortado, a monitorá-lo de modo a evitar que se transforme numa catástrofe financeira, urbanística e ecológica.
O projeto só deverá ser concluído totalmente no ano de 2010 e prevê não apenas uma via expressa de automóveis: linhas de trem e metrô aprofundam (fisicamente) ainda mais a obra.
Num primeiro momento a intenção do projeto é desafogar o tráfego da região, onde se concentram os escritórios governamentais e as embaixadas.
Mas uma velha ambição da cidade se concretizaria na construção deste enorme complexo de transportes: ser o centro de um suposto eixo Moscou-Paris (no sentido leste-oeste)/Estocolmo-Veneza (no sentido norte-sul), estando assim, segundo o professor brasileiro Carlos Ladeira, da Universidade Técnica de Berlim, no "miolo do espigão europeu".
Além disso, as especulações sobre a nova configuração da cidade após a queda do Muro, em 1989, estimularam a criação do túnel.
Berlim tem atualmente 3,5 milhões de habitantes. A Prefeitura estima que a cidade, no ano 2000, abrigará 5 milhões de pessoas e, até 2010, 8 milhões.
Berlim pretende ser também o maior centro de capacitação de pessoal para gerir as profundas transformações econômicas, sociais e culturais pelas quais os países "em desenvolvimento", em especial os do Leste Europeu, ainda passarão nas próximas décadas.
O complexo também visa atender à demanda turística da cidade, em plena expansão. Saltam aos olhos, entre outras, obras de hotéis luxuosos na avenida Unter den Linden, no lado oriental do Portão de Brandenburgo.
Sinais evidentes de que Berlim não desistiu de resgatar aquela outra, refúgio de artistas, intelectuais e outros exilados da alma que aturdiram a Europa dos anos 20.

O jornalista EDUARDO SIMANTOB viajou a convite do governo alemão e da Lufthansa.

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