São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995
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Incra admite que entrega terra fraca

Produtividade de assentados é baixa

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) reconhece que muitos projetos de assentamentos foram implantados em terras de solo ruim. Segundo o órgão, este é um dos motivos para que os assentamentos fracassem.
"O Incra tem agido muito em função da pressão social. Ocorrem invasões em locais de terra fraca, e as famílias acabam sendo assentadas ali", disse Alceu Fernando Azevedo, 51, da diretoria de assentamentos do Incra.
Mesmo assim, Azevedo ameniza o insucesso. "Todas as famílias estão em melhores condições do que estavam antes. Por esse aspecto, os assentamentos deram certo", afirma o técnico do Incra.
Nos projetos de reforma agrária há 254 mil famílias, em 23 milhões de hectares.
Há ainda 49 assentamentos de colonização, que tiveram por objetivo ocupar vazios do norte do país. Foram efetuados em grande maioria pelo regime militar (1964-1985).
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Incra não consideram as colonizações como reforma agrária -no sentido de funcionar como reengenharia da distribuição de terras.
Segundo estudo de 1992 da FAO (Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), a produtividade dos assentamentos por hectare plantado é inferior às médias regionais e nacionais.
Nas últimas décadas o campo se modernizou e os assentamentos estão atrasados. A FAO ressalva que os assentamentos são recentes no país. O próprio Incra considera projetos de reforma agrária só os assentados após o advento da "Nova República" (1986).
A safra de feijão do país em 1991/92 foi de 2,9 milhões de toneladas. Os assentados contribuíram com 2,8% do total. Na produção de milho e arroz, a participação dos assentados variou de 0,8% a 1,68%.
O Incra não sabe o quanto os assentamentos produzem e está iniciando um censo.
"Em geral, os melhores projetos são os do MST", diz Azevedo. O MST cobra estrutura, incentiva cooperativas e forma técnicos agrícolas.
Na lista dos bem-sucedidos está o assentamento da Fazenda Reunidas, em Promissão (SP). Criado em 1987, produz 75% da safra da produção de algodão do município e 100% das safras de feijão e quiabo.
A arrecadação do ICMS subiu e agora a cidade defende os ex-sem-terra.
(GA)

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