São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Quando a derrota é quase uma vitória Como aprender com coincidências MARCELO FROMER; NANDO REIS
Quando se descobre o que se quer falar é como se um precioso lançamento viesse do divino para o miolo do cérebro, e o meio-campo das idéias ativasse os neurônios atacantes para uma finalização em gol, realizada numa folha de papel. Este, que seria o antigo artigo e que aqui teria nascido, agora morre. Porque muitas vezes se é surpreendido pelo destino! Subitamente a flecha de um novo pensamento se interpõe à fragilidade de um raciocínio, e, como um movimento imprevisível, uma outra palavra se insurge e toma para si a nova hora. Pois bem, vamos ao que interessa. Encerrada a eletrizante noite de quinta-feira -que para alguns tricolores ficará tingida com as cores da eternidade na memória-, um curioso pensamento se fez claro. Já não teríamos assistido, em 95, a um resultado tão parecido? A semelhança de algo que nunca se parece (como as partidas de futebol) pode ser ilusão de lógica. Mas por acaso não haverá um fio de coincidência nos resultados inflacionados entre aquela partida do Olímpico, quando o Grêmio derrotou o Palmeiras por 5 x 0 pela Libertadores, e a vitória sanguinolenta do Fluminense em cima do Santos por 4 x 1? E parecidas são, além dos placares pouco usuais, as características que levaram a essa enxurrada de gols. Em jogos de ida e volta, o time da casa sempre procura a vitória por larga margem, já que, habitualmente, o empate é de quem manda o segundo jogo. Sendo assim, Palmeiras e Santos erraram desperdiçando essa vantagem. Na partida do sul, quando o alviverde já perdia por 2 x 0, e estava inferiorizado em números de atletas graças às expulsões, seu técnico -na ocasião, Carlos Alberto Silva- resolveu fazer substituições e colocar atletas ofensivos para tentar diminuir o prejuízo. Em vão! O Grêmio se aproveitou da fragilidade defensiva do Palmeiras e com mais três gols criou um resultado que custou a eliminação do Palmeiras, apesar daquela maravilhosa apresentação em São Paulo, quando quase obteve o milagre da classificação. O que fez o Santos no Maracanã? Quase a mesma coisa. Quando o placar de 2 x 1 já premiava a equipe carioca, e a seguir houve a expulsão de Robert, o excelente técnico Cabralzinho arriscou na substituição e, com Macedo, se lançou ao ataque. Teria sido melhor a prudência. O placar dilatado complicou a situação do alvinegro. Mas talvez tivesse criado, também, as tais condições eletrizantes para o segundo jogo. Não se trata de tentar ensinar o padre nosso ao vigário. É fácil falar do que passou, sentado na comodidade de um escritório, longe do calor da disputa. Um artigo pode no máximo tentar fazer observações sobre o que se passou. Mas, dependendo do tamanho do naufrágio, certas pequenas derrotas soariam como grandes vitórias. MARCELO FROMER e NANDO REIS são músicos e integram a banda Titãs Texto Anterior: Santista Giovanni é mais eficiente que Túlio Próximo Texto: Parma volta a vencer e deixa Lazio em crise Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |