São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995
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Vôlei da eficiência

CIDA SANTOS

O vôlei masculino na Olimpíada de Atlanta será o da eficiência. Não espere novidades espetaculares como o ataque brasileiro nos Jogos de Barcelona, em 92. O aviso é do técnico da seleção brasileira, José Roberto Guimarães, que aponta a atual tendência do esporte: equipes que erram pouco e não jogam vôlei maravilhoso de se ver.
O exemplo é a Itália, que nos últimos dois anos conquistou oito títulos. Zé Roberto diz que é um time que não faz nada de excepcional: conta com bom ataque, bloqueio, defesa, saque... Enfim, faz tudo direito, mas não tem nada de novo. A diferença está na eficiência: a "azzurra" faz sempre a mesma coisa com um rendimento alto. A conexão chave parece ser simplicidade e eficiência.
No Brasil, você sabe, jogar bonito é mais do que preciso. É uma necessidade. Mais uma vez na Copa do Mundo a seleção brasileira terminou com o melhor ataque da competição. O desafio da comissão técnica para 96 será aliar essa habilidade natural do brasileiro para atacar com uma busca de maior rendimento. Ou seja: menos erros e mais eficiência no binômio bloqueio/defesa.
Na Copa do Mundo, a novidade foi a força do meio da rede. Pela primeira vez, em muitos anos, dois jogadores dessa posição, que normalmente são menos acionados e apresentam mais velocidade do que força, foram eleitos os melhores atacantes. Essa premiação tradicionalmente fica com os ponteiros, como foi o caso de Gílson, na última Liga Mundial, ou do holandês Zwerver, no Mundial de 94.
O holandês Bas van de Goor, de 2,09 m, o melhor atacante da Copa do Mundo, e o brasileiro Max, o segundo colocado, quebraram a tradição e bateram quase o mesmo número de bolas que os atacantes de segurança. Segundo cálculos de Zé Roberto, Max foi quase tão acionado quanto Marcelo Negrão.
Aliás, Max foi o jogador brasileiro que mais surpreendeu. Nessa evolução, o vídeo foi um dos recursos usados. A comissão técnica editou uma fita de cada um dos jogadores em situações de jogo e treino. O objetivo era que o atleta, assistindo à fita, pudesse perceber e corrigir os movimentos errados.
Max, por exemplo, pôde ver que atrasava a jogada de meio porque gostava de bater uma bola mais alta e acabava sendo mais facilmente bloqueado. Resultado: começou a acelerar mais a bola. Na Copa do Mundo, Max mostrou a diferença: 66,54% de aproveitamento e o título de segundo melhor atacante.

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