São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995
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Vale dos Milagres

JUCA KFOURI

E deu! O Santos fez o impossível. Os 2 a 0 no primeiro tempo até ficaram barato para o Flu. Além dos dois gols que Giovanni prometera e cumprira, a trave salvara o tricolor duas vezes.
Até o intervalo foi uma festa. O time em campo para não desligar a corrente que eletrizava o Vale do Pacaembu, a cidade de São Paulo, o Estado -que adotou o Santos agora como o país inteiro o adotara nos anos 50 e 60.
O Santos repetiu a façanha histórica do Palmeiras diante do Grêmio, com a vantagem de ter obtido a classificação para a grande final.
Se a classificação do Botafogo foi absolutamente merecida, a saída do Santos seria um desses pecados que o futebol não pode mais cometer.
O Botafogo ganhou a sua classificação por ter melhor campanha que o valoroso Cruzeiro e por ter saído na frente no Mineirão e segurado o resultado que lhe interessava tanto lá como no Maracanã.
No Rio, é verdade, foi ajudado pelo excesso de rigor do árbitro cearense ao expulsar o lateral Paulo Roberto. Mas chutou duas bolas na trave, contra uma do Cruzeiro, obrigou Dida a fazer pelo menos um milagre e, enfim, não há o que se possa contestar em sua passagem para a final.
Predestinado e cumpridor, Macedo também fez o gol que prometera, logo no começo do segundo tempo. Mas tinha um Rogerinho no caminho, porque sem sofrimento a graça não seria a mesma.
Faltava ainda Camanducaia cumprir a promessa dele. Faltava um gol para o Vale do Pacaembu virar Vale dos Milagres. Dava?
Ora, se dava! Mesmo nervoso -e quem conseguiria ficar calmo?-, o Santos procurava. E Sorlei fazia falta, muita falta na defesa do Flu. Quem procura acha, e Giovanni achou a bola que era de Alê e achou Camanducaia, outro pagador de promessas.
4 a 1 estava de bom, de ótimo, de maravilhoso tamanho. Mas tinha mais sofrimento pela frente: a expulsão de Ronaldo, essa sim, justa. E ainda faltavam mais de 25 minutos!
Edinho, o filho, já tinha feito um milagre. Pelé, o pai, segurava o avião para embarcar para a Europa só depois do fim do jogo. E o Espírito Santo abençoava o outro time que merecia ser finalista. 5 a 2 -Rogerinho ainda marcou mais um. Deus existe!

No sábado, a coluna trocou o Grêmio, que foi quem levou 4 a 1 do Santos, pelo Cruzeiro. Não satisfeita, no domingo, não misturou vinagre com água, em vez de azeite. Que salada!

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