São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 1995
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Miragens são o resultado do movimento da luz e do ar

KATHY WOLLARD

Você já andou de carro em uma estrada em um dia quente de verão e viu uma piscina geladinha brilhando na estrada adiante? E quando você está para chegar à tal piscina, ela parece estar longe, na mesma distância de antes? A visão da água parece viajar na mesma velocidade do carro, sempre longe do contato.
Tal é o frustrante e "mágico" poder da miragem. A visão da estrada inundada é uma miragem, tanto quanto a de um oásis no deserto. Dá para achar as miragens atraentes, mas elas vem aprontando com a humanidade há tempos.
Um dos casos mais famosos foi o de um grupo de exploradores que procuraram uma passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico por muitos anos. Os exploradores ingleses John e James Ross procuravam a tal passagem próximo à Groenlândia, na baía de Baffin, em 1818, quando pensaram ter visto uma cadeia de montanhas aparecer diante deles da água. Os dois desistiram.
Então, em 1893, o explorador Robert Peary achou ter encontrado as mesmas montanhas. Ele deu o nome de "Crocker Land" à região para logo depois, desistir da idéia.
Em 1913, Donald MacMillan resolveu fazer uma expedição à mesma região para descobrir o que havia lá. Ele viu a mesma cadeia de montanhas, mas ela estava a cerca de 350 quilômetros a oeste do local onde havia sido vista antes. Seguindo as montanhas pelo gelo, MacMillan e seus companheiros descobriram que as montanhas estavam sempre a frente deles, sempre mantendo distância, não importando a velocidade do barco.
Como a piscina na estrada, as montanhas eram uma miragem. MacMillan e a tripulação descobriram isso, quando o Sol se pôs e as montanhas desapareceram no ar.
Por que vemos miragens? A causa de tudo é a dança da luz e do ar. As moléculas de ar moldam a luz, de acordo com a densidade do ar. O ar sob pressão atmosférica uniforme terá sua densidade determinada basicamente a partir da temperatura. Ar quente é geralmente menos denso do que o ar frio. Isso porque suas moléculas são mais energéticas e se espalham mais -moléculas se movem menos com baixas temperaturas.
A água na estrada é um bom exemplo. O calor que sobe do asfalto quente aquece o ar sobre a estrada. Os raios de luz que vêm do céu passam de uma camada mais fria e densa para outra mais quente e menos densa.
Atmosfera menos densa significa menos moléculas de gás para a luz encontrar. Quando a "ponta" de uma onda de luz entra na camada e ar quente, o caminho fica mais claro, então se acelera. Mas o restante da onda, ainda no ar mais frio, fica para trás e faz uma dobra. A onda de luz se dobra e acaba viajando junto ao chão. Ou seja, metade da onda de luz fica na camada de ar quente e a outra metade na camada de ar frio.
A parte que fica mergulhada no ar frio se dobra novamente na direção de seus olhos.
Desde que a luz carrega a imagem do céu, você vê céu onde deveria estar o asfalto. E como o ar quente está em movimento você vê o céu ondular como água. O oposto também pode acontecer, ou seja, as imagens da água podem ser projetadas no céu. Assim, navios podem "aparecer" nas nuvens, verdadeiros barcos-fantasmas ou a água pode projetar imagens de castelos, colunas ou montanhas.

PERGUNTAS PARA KATHY WOLLARD devem ser enviadas em inglês para: P.O.Box 4564, Grand Central Station, New York, N.Y. 10163.

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