São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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Raytheon foi multada nos EUA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A empresa norte-americana Raytheon foi condenada pela Justiça Federal dos EUA, em 1990, por obter ilegalmente documentos secretos da Força Aérea daquele país. O fato obrigou a empresa de equipamentos militares a pagar multa de US$ 1 milhão.
A sentença foi dada pelo juiz Albert Bryan Junior, do Estado de Virgínia. Os documentos encontrados em poder da Raytheon tinham informações sigilosas sobre orçamento e planejamento da Força Aérea dos EUA.
A Raytheon foi escolhida, sem licitação, pelo governo brasileiro para fornecer equipamentos para o Sivam (Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia), projeto considerado de segurança nacional.
A empresa foi condenada em pelo menos outros dois processos nos EUA. Em 92, a Justiça norte-americana constatou superfaturamento em contrato para fornecimento de equipamento de teste de mísseis. A Raytheon pagou US$ 2,75 milhões de multa.
Em 93, a firma responsável pela implantação do Sivam foi novamente condenada e pagou multa de US$ 3,7 milhões por ter "inflado artificialmente" o preço de mísseis Patriot fornecidos ao governo norte-americano.
Os mísseis ficaram famosos durante a Guerra do Golfo, em 91, quando foram utilizados contra os mísseis Scud, lançados pelo Iraque contra Arábia Saudita e Israel.
No total, a empresa já pagou US$ 7,45 milhões em multas por irregularidades em contratos com o governo norte-americano.
As denúncias sobre o comportamento da Raytheon em contratos militares foram enviadas ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) por intermédio da rede de comunicação por computadores Internet.
Suplicy questionou o ministro da Aeronáutica, Lélio Viana Lôbo, durante depoimento realizado anteontem na supercomissão do Senado que apura denúncias de irregularidade contra o Sivam.
O senador perguntou ao ministro se ele conhecia as "ilicitudes" cometidas pela Raytheon. Lôbo respondeu que sabia de alguns casos nos quais a empresa havia sido condenada. "Eu não sei de todas", afirmou o ministro.
Lôbo declarou que o Brasil recebeu carta de autoridades dos EUA que diziam que a Raytheon não tinha qualquer pendência legal com o governo norte-americano.
O próprio presidente dos EUA, Bill Clinton, enviou correspondência ao Palácio do Planalto defendendo a escolha da Raytheon para implantar o sistema de radares na Amazônia.
No primeiro semestre deste ano, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) revelou que a empresa havia sido julgada, em 94, por ter embutido sobrepreço em contrato para fornecimento de radares ao governo dos EUA.
Na época, a Raytheon entrou em acordo com as autoridades norte-americanas para arquivar o processo, devolvendo o dinheiro relativo ao sobrepreço apurado na venda dos radares.

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