São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente acha reforma chinesa modelo para o Brasil

DA ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

A reforma econômica da China, que vem produzindo taxas de crescimento de 10% ao ano na última década, deve servir de exemplo para o Brasil, afirmou ontem o presidente Fernando Henrique Cardoso no encerramento de um seminário sobre "Parceria Estratégica" entre os dois países.
A abertura ao capital internacional e a redução dos custos de produção são as principais lições que FHC quer que o Brasil tire do sucesso econômico chinês. "Os chineses saíram na frente e agora estão colhendo bons resultados", avaliou FHC.
O presidente classificou a reforma econômica da China como grande acontecimento internacional do final do século. O resultado dessa reforma aparece, segundo ele, na comparação dos desempenhos das economias brasileira e chinesa no comércio internacional.
Dez anos atrás os dois países exportavam uma média de US$ 27 bilhões cada um. Atualmente, o Brasil exporta US$ 50 bilhões, enquanto a China já passou da faixa de US$ 100 bilhões.
"Nós temos ainda um grande caminho a percorrer", disse o presidente, defendendo a busca de uma maior competitividade da economia brasileira no mercado internacional.
O seminário aconteceu em Xangai, conhecida como a vitrine da nova China e sua economia socialista de mercado. "Estamos aqui no coração da revolução econômica que a China está realizando", disse o presidente.
No ano passado, a cidade comercializou com o resto do mundo cerca de US$ 40 bilhões, graças a estímulos especiais concedidos a investidores estrangeiros, que atraíram 12 mil projetos de investimentos na região.
Além de mão-de-obra barata, os investidores contam com incentivos fiscais e vantagens para a instalação de fábricas nos distritos industriais de Xangai.
Três Gargantas
Durante sua palestra, FHC também tratou de defender a participação de empreiteiras brasileiras na construção da usina de Três Gargantas, a maior do planeta. A obra está orçada em US$ 40 bilhões.
Até agora, o consórcio brasileiro -integrado pelas empreiteiras Mendes Jr., Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e CBPO (do Grupo Odebrecht), que construiu a hidrelétrica de Itaipu- só conseguiu prestar consultoria técnica à obra.
Por causa da chuva que caiu ontem em Xangai, o presidente cancelou toda a programação prevista para a manhã, como a visita ao pólo industrial de Pudong. FHC ficou no hotel, onde se submeteu a uma seção de massagem chinesa.

Como não há vôos comerciais regulares entre Pequim e várias cidades da China e da Malásia que o presidente Fernando Henrique Cardoso estava visitando desde anteontem, a Folha foi convidada e aceitou percorrer esses trechos no avião reserva da Presidência da República. Todas as outras despesas de transporte, hospedagem e comunicação correm por conta do jornal.

Texto Anterior: Pasta rosa é coisa do passado, diz FHC
Próximo Texto: FHC ataca decisão da Justiça sobre bancos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.