São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 1995
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Banco sonega informações ao Congresso

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Decisões da diretoria do BC ou do Conselho Monetário Nacional podem ser mantidas sob total sigilo, segundo portaria interna do BC. A portaria, de setembro, também é sigilosa: apenas parte dos funcionários teve acesso ao documento.
A portaria, de número 266, consta do sistema informatizado com que o BC se comunica internamente e com o mercado financeiro, o Sisbacen. Para ter acesso ao arquivo que contém a portaria é necessária uma senha específica.
É apenas um dos exemplos da preocupação quase obsessiva do BC com o controle dos dados em seu poder -embora a eficiência de sua "caixa preta" esteja na berlinda exatamente por suspeitas de vazamento de informações.
Os dirigentes do BC justificam os sigilos do BC com argumentos quase idênticos: os bancos centrais de todo o mundo são instituições fechadas, em virtude das delicadas operações que executam.
Mas não é apenas sobre as transações monetárias e cambiais que o BC mantém segredo. Até hoje, por exemplo, não enviou ao Congresso as prometidas informações a respeito do gasto público para financiar a absorção do Banco Nacional pelo Unibanco.
Em maio, o então presidente do BC, Pérsio Arida, disse que mantinha os juros altos a partir dos indicadores sobre a atividade econômica. Quando lhe pediram os tais indicadores, afirmou que eram "sigilosos" -soube-se depois que eram divulgados publicamente por entidades empresariais.
Ainda na gestão Arida, um documento sobre a movimentação do mercado de câmbio foi parar nas mãos do senador José Eduardo Dutra (PT-SE). Depois de sindicância interna, foi acusado um funcionário da delegacia do BC em São Paulo, militante do PT.
Há outra sindicância em andamento para apurar eventuais responsáveis pelo vazamento da pasta rosa do Banco Econômico com a lista de políticos que receberam dinheiro do banco para a campanha de 1990.
(GP)

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