São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PC russo abandona ateísmo e revolução

Partido muda ideário para retomar popularidade

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Os comunistas russos do pós-Guerra Fria reescreveram a cartilha ideológica: no lugar do ateísmo veio a aliança com a Igreja Ortodoxa; em vez do "internacionalismo proletário" aparece o nacionalismo xenófobo. Até propriedade privada e pluripartidarismo ganharam menções positivas no ideário reciclado.
Liderados por Vladimir Lênin, os comunistas russos conquistaram o poder em 1917. Prometiam acabar com a "exploração do homem pelo homem" e criar o "paraíso proletário na Terra".
No plano econômico, a estatização veio para acabar com a iniciativa privada. A "ditadura do proletariado" eliminou o pluripartidarismo e a alternância no poder.
Nos anos 20, a Rússia, antes um país agrário e de expressão relativa no cenário internacional, se expandia para formar a União Soviética e começava a se industrializar. O PC seguia a trilha para formar uma superpotência militar.
Depois da euforia com a vitória sobre a Alemanha na Segunda Guerra Mundial e vitórias sobre os EUA na corrida espacial, o PCUS mergulhou na estagnação dos anos 60. A economia, sob o comando de Leonid Brejnev, patinava.
Em 1985, Mikhail Gorbatchov se tornou o "czar" comunista e prometia reformas, batizadas de glasnost, no plano político, e perestroika, na área econômica. Ele acabou com a Guerra Fria contra os EUA, mas fracassou em seu plano de salvar o PC e a URSS.
Boris Ieltsin, então o político mais popular no país, chegou ao poder em 1991 com promessas de destruir o sistema comunista. Implantou reformas econômicas baseadas em privatização e fim do sistema de proteção social.
Para o atual PC, o fenômeno ieltsinista não passa de uma conspiração armada no Ocidente para enfraquecer a Rússia. O partido promete rever a desestatização, embora admita manter setores privados na economia.
Guennadi Ziuganov defende a convocação de referendo para se decidir uma restauração "voluntária" da URSS. O plano não deve seduzir países que ganharam a independência com o fim do império, como Ucrânia e Cazaquistão.
O ideário comunista dos anos 90 enfatiza o "patriotismo". Rejeita a repressão stalinista, admite outros partidos e prega uma aliança com grupos que defendam "valores russos" e mecanismos como controle de preços e benefícios sociais dos tempos soviéticos.

Texto Anterior: Princesa Diana nega romance, diz imprensa; EUA indenizam morte por 'fumo indireto'; Dez são mortos a tiros na África do Sul; NY prende dois por ataques no metrô
Próximo Texto: Aposentados são 'neocomunistas'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.