São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Acordo faz dívida federal crescer R$ 7 bi
GUSTAVO PATÚ
Para pagar metade da dívida do Estado com seu banco, de R$ 14 bilhões, o Tesouro Nacional vai emitir títulos que serão entregues ao Banespa e poderão ser negociados no mercado financeiro. São Paulo passará a dever os R$ 7 bilhões ao governo federal. O problema é que o recebimento desse dinheiro acontecerá em prazo longo -até 30 anos- e a juros inferiores a 10% ao ano. Mas os títulos federais entregues ao Banespa -que representam dívida do Tesouro- serão de prazo inferior a um ano e juros de mercado na casa de 30% ao ano. O BC não aceitou uma proposta do governador Mário Covas para que o Banespa recebesse os R$ 7 bilhões em dinheiro vivo, por meio de uma operação envolvendo as reservas em dólar do BC. A operação seria a seguinte: o BC depositaria o volume correspondente das reservas no Banespa e, em seguida, compraria os dólares do banco paulista, que ficaria com o dinheiro. Na prática, isso significaria emissão de moeda. Mesmo com o arquivamento dessa proposta, o acordo costurado com Covas contraria todos os propósitos do BC ao decretar o regime de administração especial no Banespa em dezembro de 94. Em primeiro lugar, o BC considerava a privatização do Banespa "inegociável". Depois, diante da resistência de Covas, o BC passou a tratar a privatização como uma condição para que fossem injetados recursos públicos no Banespa. Ao longo do ano, porém, a diretoria do BC perdeu o aval do presidente Fernando Henrique Cardoso para conduzir a venda do Banespa. FHC tomou a decisão política de devolver o banco a Covas. E o governo federal acabará bancando a maior parte da operação de salvamento. Além de refinanciar metade da dívida, viabilizará a venda de estatais e imóveis paulistas para conseguir R$ 5 bilhões para o Banespa. Essas empresas e imóveis serão federalizadas e vendidas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Para resolver o restante da dívida de R$ 14 bilhões da dívida paulista com o Banespa, o Estado assumirá R$ 2 bilhões do passivo trabalhista do banco. Texto Anterior: Ministério reconhece ter errado ao divulgar lista dos maiores salários Próximo Texto: Dois negociadores fecharam o acordo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |