São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Grupo 'caça' dependentes

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Há três meses, um grupo de "agentes de saúde" vem percorrendo as ruas do centro de São Paulo em busca de contatos com usuários de drogas. À noite, eles se encontram num centro comunitário e nas mesas de um bar da região central.
São pontos frequentados por dependentes de cocaína injetável. Na bolsa, os agentes carregam preservativos, folhetos que informam sobre Aids e suas formas de prevenção, e hipoclorito de sódio, líquido para limpeza de seringas.
A maior preocupação, no momento, é ganhar a confiança desses usuários. Fazê-los acreditar que se trata de uma ação de saúde, não uma operação da polícia. "Queremos entrar na rede de sociabilidade dessas pessoas", diz Cristina Maria Brites, 32, assistente social e professora da PUC.
O passo seguinte será a troca de seringas. "Assim que se criar um vínculo de confiança entre eles e nós, vamos propor a troca", diz Cristina. Para garantir a segurança dos usuários e do programa, ela não diz onde são os pontos de encontro nem quem são os agentes.
Cristina dirige o projeto de redução de danos da Apta -Associação para a Prevenção e Tratamento da Aids-, a primeira organização não-governamental paulista a iniciar um programa de troca de seringas.
Em Salvador, o Cetad -uma ONG ligada à Universidade Federal da Bahia- iniciou um programa de troca de seringas para dependentes em abril passado.
A Apta recebeu R$ 32 mil do Ministério da Saúde e pretende contactar cerca de mil usuários em um ano. O trabalho é coordenado pela Secretaria Estadual da Saúde.
A estratégia é do corpo-a-corpo. Em lugar de atrair os usuários, os agentes vão até eles. "Nós entramos na dinâmica deles."
Enquanto não houver mudanças na lei, programas como os do Apta estarão ameaçados pela Justiça. "Não dava mais para esperar", diz Cristina. "A cada três doentes de Aids no Brasil, um pegou pelas drogas."
(AB)

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