São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Bolsa de NY tem maior alta em 20 anos

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O índice Dow Jones -que mede a evolução de preços de ações na Bolsa de Nova York- registra em 1995, até o momento, a maior alta dos últimos 20 anos.
O indicador supera o valor recorde de 5.000 pontos. Na sexta-feira, fechou a 5.135,54 pontos.
A alta no ano, de 34%, surpreende para padrões norte-americanos e só é comparada à lucratividade de 39% registrada em 1975.
O governo do presidente Bill Clinton (EUA) tem conseguido reduzir os juros e manter as taxas de inflação baixas, diz Ricardo Fleury Lacerda, da Columbia Business School (Nova York).
Os juros em baixa têm proporcionado crescimento contínuo e sustentado da economia norte-americana. O que tem se refletido em alta nas Bolsas dos EUA.
A taxa de juros nos EUA tem caído de forma gradual. O rendimento dos papéis de 30 anos do governo norte-americano recuou de 7,92% no início de 1995 para 6,03% na sexta-feira passada.
Os juros altos no Brasil têm produzido efeitos contrários no desempenho das empresas e no comportamento das Bolsas. O índice Bovespa (da Bolsa de Valores de São Paulo) acumula perda nominal de 4,49% no ano até sexta-feira passada, seguido por queda de 6,02% no índice Senn (Rio).
Pesquisa realizada pela consultoria Austin Asis com base em 293 balanços de empresas brasileiras demonstra declínio na rentabilidade. A lucratividade (ganho) das companhias sobre recursos próprios (patrimônio líquido) caiu de 4,4% nos primeiros nove meses de 1994 para 3,3% no mesmo período de 1995, diz Alberto Matias, da Austin Asis.
O presidente da Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas), Roberto Faldini, diz que as empresas brasileiras têm procurado fazer captações no exterior, pois não encontram liquidez (facilidade para vender papéis) no mercado local. A Bolsa paulista movimenta mais de 90% das ações no país -praticamente metade dos negócios com Telebrás.
Empresas -como a rede de supermercados Pão de Açúcar e a Lojas Arapuã- procuraram em suas captações deste ano atrair recursos estrangeiros, apresentando-se nos Estados Unidos.
O presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), Manoel Pires da Costa, afirma que para o país ser competitivo é preciso que haja negócios entre o Brasil e o exterior nos mercados futuros. No caso do mercado acionário, ele defende reformas estruturais, como a mudança na Lei das S/A para proteção dos acionistas minoritários e aumento nos investimentos domésticos nas Bolsas.
Levantamento realizado pelo Banco Patrimônio, associado à corretora Salomon Brothers (EUA), demonstra que o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York (Nyse) está na liderança das Bolsas mundiais este ano. O indicador Dow Jones valorizou-se 34%; o índice Financial Times da Bolsa de Londres teve alta de 11% e o indicador Nikkei da Bolsa de Tóquio caiu 1,9%. Na América Latina, apenas Argentina (1,6%) e Peru (7,4%) tiveram resultado positivo em dólar. O índice Bovespa em dólar caiu 21,8% este ano.
Homero Amaral Junior, presidente da Ancor, que reúne as corretoras brasileiras, afirma que os negócios no Brasil estão concentrados em poucas instituições financeiras e em poucos papéis. Ao mesmo tempo, as Bolsas internacionais estão procurando as empresas nacionais para negociarem seus papéis no exterior.
A corretagem fica dependendo de dias de vencimento de opções na Bovespa -como hoje-, quando há maior volume de negócios.
Luiz Fontes, sócio da consultoria Trevisan, diz que é crescente o interesse das empresas brasileiras em lançar ações no mercado americano. Edward Koliver, vice-presidente da Smith Barney, uma das maiores distribuidoras de ações nos EUA, estima em US$ 600 milhões o valor a ser captado por empresas brasileiras com ADRs (recibos de depósitos) nos EUA em 96.

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