São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Fim de namoro cria perseguição de 'exs'

ANTONINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Fim de namoro cria perseguição de 'ex'
Dificuldade em aceitar a perda é comum, mas se não for controlada pode chegar a situações de tragédia
Cristiane Pastore, 18, conheceu Marcelo (nome fictício) e os dois começaram a namorar. Durante um ano eles se viam sempre. Um frequentou a casa do outro e os dois se tratavam bem, com muito carinho e respeito.
Um depois, o namoro acabou. Junto com o namoro, foi-se o respeito. Nem parecia que um dia os dois estiveram tão próximos. De "amorzinho" para cá e para lá, Marcelo virou o "chiclete" e Cristiane, a "traidora".
"Ele ficava me esperando na porta da escola e do trabalho, ligava três vezes por dia e vivia mandando flores." Segundo Cristiane, o "grude", durou quase um ano e a deixava "triste e angustiada."
Segundo Albertina Duarte, responsável pelo ambulatório de ginecologia de adolescentes do Hospital das Clínicas, a situação vivida por Cristiane é comum. "Muitos jovens não sabem lidar com a perda. É como se dependessem do outro para ter auto-estima."
O psiquiatra Alexandre Sadeh ressalta que a dificuldade para romper relacionamentos é normal, mas que pode ficar patológica e levar a consequências graves.
"Telefonar de vez em quando para tentar reatar um namoro é normal. O problema é quando a pessoa não suporta a separação e parte para a agressão. Isso pode virar uma tragédia", diz.
Foi o que aconteceu semana passada na Escola Politécnica da USP, quando o estudante Chistian Hartmann suicidou-se após matar a ex-namorada Renata Alvez e ferir gravemente seu atual namorado, Winston Goldoni.
Sadeh alerta para outros tipos de agressão. "A pessoa espalhar boatos sobre a pessoa, intimidar e ameaçar também é uma violência muito grande, que mostra que a pessoa precisa de tratamento", diz.

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Sobre perseguições amorosas à pag 6-2

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