São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Garotos carentes transformam paredes de cervejaria em obras

DA REPORTAGEM LOCAL

O grafite ainda é uma forma de tirar adolescentes da rua. É o que pensa o ex-pichador de muros que virou artista plástico, Oswaldo Junior, o Juneca.
Ele monitorou 120 crianças carentes que grafitaram os muros da antiga fábrica da Brahma, localizada no bairro do Paraíso (zona sul), na semana passada.
O projeto, patrocinado pela própria fabricante de bebidas, revelou novos talentos, garotos entre 7 e 17 anos que mais pintam do que bordam.
Entre eles, está Luciano Severino Valentim, 16. Ele é o autor de dois rostos grafitados na lateral da fábrica, na rua Vergueiro.
Vivendo há menos de um ano na Casa Abrigo da Moóca, Luciano estuda, trabalha e ainda encontra tempo para fazer um curso de desenho artístico, que ganhou de uma funcionária do colégio que frequenta.
"Meu sonho é conhecer um estúdio de desenho animado. Eu queria ser um desenhista de animação", diz.
Ele lê tudo sobre o assunto: "Os desenhos são feitos no acetato. Cada segundo de animação tem 24 desenhos". Enquanto não realiza seu sonho, Luciano pretende continuar grafitando muros.
Além de Luciano, há outros talentos entre os menores. Fabiano Joaquim dos Santos, 16, desenhou um herói japonês, tirado da capa de um velho caderno.
Fabiano não gosta de falar sobre sua vida nas ruas, antes de morar num abrigo do SOS Criança. "Mas agora eu só penso em desenho", diz ele.

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