São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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VERÃO DO AMOR

COURTNEY LOVE
PARA A "SPIN"

Durante o Lollapalooza todo mundo ficava longe do aparelho de vídeo porque todo tempo eu estaria vendo algo podre, exceto quando colocava a fita de "The Breakfast Club".
Assistia esse vídeo duas vezes por dia durante duas semanas. Eu gostava de assistí-lo antes de entrar no palco.
Se me perguntarem, direi que "The Breakfast Club" é a verdadeira definição da geração "alternativa". E o Lollapalooza '95 era exatamente como o filme -exceto pela ausência de alguém sexy e perturbador como o personagem de John Bender, Judd Nelson, que tornaria o festival interessante.
Por causa da falta do tipo de presença testosterônica, não havia uma química sexual entre os integrantes do Lollapalooza.
Mas havia uma Molly Ringwald na turnê. Era nossa baixista, Melissa auf der Maur. Aos 22 anos ela está passando por uma certa fase, é a baixista mais fofa da cena indie e sabe disso. Amava ver os garotos se atirando aos seus pés. Sempre terei espaço para uma baixista carismática e brilhante.
Algumas vezes me sinto culpada por gostar tanto do talento de Melissa; isso não quer dizer que não sinto falta de Kristen Pfaff.
Durante esse verão nossa banda finalmente atingiu o que uma banda realmente significa. Formamos conexões psíquicas -Patty Schemel para Melissa, Melissa para moi, Eric Erlandson para Patty.
O Hole funciona como uma democracia.
Inimigo público
No primeiro dia do Lollapalooza a pior coisa que poderia acontecer, aconteceu. O Sonic Youth estava andando junto com Kathleen Hanna.
K.H. era a pior inimiga do meu marido, ela faria qualquer coisa para nos prejudicar. Engraçado que se refiram a ela como membro de uma banda. O Bikini Kill não toca de verdade e não compõe.
Depois do nosso show -antes da apresentação do Sonic Youth- estou nos bastidores conversando com Beck e o Eric aparece e diz: "A Kathleen está atrás de você. Você deveria oferecer doces para ela". E lá estava ela, fazendo uma cara feia para mim.
Joguei meu casaco no chão e ela meio que sussurrou: "Onde está o bebê? Tomando alguma droga em algum armário?". Não me controlei. Minha mão estava cheia de guloseimas doces e salgadas. Joguei tudo para o ar e gritei. Ela tentou passar por cima de mim e eu dei-lhe um soco.
Tudo durou uns cinco segundos. Ela nem se machucou, mas exagerou a história. Ela insultou minha filha de uma maneira muito maldosa. Eu realmente só ia dar o doce para ela e ir embora.
A ausência
Eis quatro coisas que eu gostaria que Kurt estivesse aqui para ver:
Conhecer Beck. K. iria gostar muito dele.
O Green Day ficando famoso. Ele ficaria orgulhoso.
O fim da minha pegação no pé do Pearl Jam. K. também teria parado com isso. Mil desculpas para Eddie. Eu fui uma babaca e me arrependo.
Socar K.H.

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