São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Teste de força

Parece claro que o maior problema econômico do governo é não apenas definir quem vai pagar a conta pela estabilização como também conseguir cobrar a fatura. O número de reclamantes aumenta a cada dia, todos candidatos a um resgate generoso. Pago, em todos os casos, pelos contribuintes.
Dos agricultores que pedem o refinanciamento de suas dívidas passando pelos bancos que conseguiram o Proer, até os industriais que solicitam algo análogo, a lista é cada vez maior e os integrantes da fila, mais impacientes.
Dentre as inúmeras resistências ao imprescindível ajuste fiscal, surge agora mais uma, a sindical. A ofensiva das centrais dá-se em duas frentes: no bloqueio à reforma administrativa e da Previdência e na batalha pela indexação dos salários.
Os motivos são nobres: defesa do emprego e dos salários. O resultado prático, porém, pode ser mais desemprego e remuneração menor, ressuscitando a espiral preços-salários que propagava a inflação.
Preocupa especialmente o movimento ensaiado no setor público, que se aproxima rapidamente da fronteira ambígua entre uma garantia social e uma vantagem corporativista. Acerta portanto o Ministério do Planejamento em alertar o conjunto da sociedade para os custos que a indexação salarial entre os funcionários públicos e trabalhadores em estatais terá sobre o equilíbrio das contas do Tesouro e sobre o patrimônio das empresas estatais.
O estopim foi a decisão do TST no caso do Banco do Brasil. Há riscos de ver o rastilho alcançar outras estatais, dificultando o processo de privatização, se os custos salariais subirem. É mais um teste de força que o governo precisa enfrentar.

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