São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995 |
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Shiitake dá bom lucro em pouco espaço
LUIZ MALAVOLTA
Segundo a Apan (Associação dos Produtores de Agricultura Natural), a produção brasileira de shiitake já chega a 5 t mensais. Yoshito Ikegami, 60, diretor da Apan, diz que o cogumelo foi introduzido no Brasil pelos imigrantes japoneses. Mas somente há seis anos a produção tornou-se comercial. "Antes disto, os brasileiros viam o cogumelo como um produto de consumo restrito e, portanto, sem interesse como alternativa econômica", afirma. Segundo Ikegami, a produção do cogumelo tem sido altamente lucrativa. O quilo de shiitake é vendido pelo produtor por R$ 12, com lucro líquido de R$ 7,50. As áreas de produção do cogumelo estão concentradas em Duartina, Mairinque, Bastos, Mogi das Cruzes e cidades próximas a São Paulo. No Paraná, há produção em Londrina. A Apan tem 150 produtores cadastrados. A entidade fornece orientações sobre as técnicas de produção do cogumelo. "Promovemos cursos periódicos para os interessados, porque o Brasil tem potencial de ser exportador de shiitake para o Japão", diz Ikegami. O agrônomo João Pacheco de Almeida Prado, 36, chefe da Casa da Agricultura de Duartina (385 km a noroeste de São Paulo), diz que 12 agricultores da cidade optaram pela produção de cogumelo no último ano. "Todos estavam desestimulados com as atividades que desenvolviam em suas propriedades e viram no cogumelo uma boa alternativa econômica", afirma. O maior produtor de shiitake em Duartina é Luiz Carlos Simionato, 39, dono do sítio São José, com 35 alqueires. Há um ano, Simionato era sericicultor (produtor de bicho-da-seda) e chegou a produzir 2 t de casulos por mês. "O bicho-da-seda deu um prejuízo danado, porque esse setor está cartelizado pelas indústrias internacionais. Foi então que decidi buscar alternativas", diz ele. Simionato investiu R$ 5.000 para montar uma unidade de produção de shiitake. Levou seis meses para obter a primeira safra. Hoje Simionato está produzindo 25 quilos de shiitake por semana. Toda a produção é comercializada com compradores do Rio de Janeiro, o que rende R$ 1.200 mensais. "Acredito que dentro de seis meses chegarei a um faturamento entre R$ 4.000 e R$ 6.000 mensais, porque estou ampliando a produção para cem quilos semanais", explica o agricultor. Almeida Prado diz que a Casa da Agricultura de Duartina também tem promovido cursos sobre a produção de shiitake. "Muita gente tem se interessado pelo negócio, já que o Japão, maior consumidor mundial de shiitake, tem interesse em adquirir do Brasil 1 t de cogumelo desidratado por mês", diz o agrônomo. Próximo Texto: Fungo é cultivado em eucalipto Índice |
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