São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995 |
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Malásia oferece parceira comercial a FHC
MARTA SALOMON
FHC foi surpreendido com a proposta do primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, de oferecer o país como entreposto para a distribuição de exportações brasileiras no mercado asiático. A operação, via Malásia, estaria isenta do pagamento de impostos. A Malásia -do tamanho do Estado do Maranhão- ocupa uma posição estratégica no sudeste asiático. É um dos sete membros da Asean, associação integrada também pela Filipinas, a Indonésia, Tailândia, Cingapura, Brunei e Vietnam. A região apresenta as maiores taxas de crescimento econômico do mundo. E detém um mercado equivalente a mais de três vezes a população brasileira ou mais do dobro dos consumidores do Mercosul (a área de livre comércio entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Além de receber a oferta de Mohamad, FHC começou a discutir a possibilidade de uma integração entre o Mercosul e a Asean, durante a conversa que manteve com o secretário-geral da associação do Sudeste Asiático, Ajit Singh, ex-embaixador da Tailândia no Brasil. A integração com a Asean poderia, no futuro, seguir o modelo dos acordos do Mercosul com a União Européia, assinados durante a semana em Madri. O primeiro-ministro Mahathir Mohamad está no cargo há 14 anos e é conhecido como o mentor da política econômica voltada para o mercado externo. Como resultado desta política, a Malásia exibe um volume de exportações superior ao do Brasil -US$ 58,8 bilhões. São produtos eletrônicos o que a Malásia mais exporta. Para sustentar este desempenho, o governo aplica mais de 40% ao orçamento de investimentos no setor econômico do país, além de oferecer incentivos fiscais a investidores estrangeiros. Na conversa com FHC, Mohamad preferiu atribuiu os resultados econômicos aos investimentos em educação e à reforma agrária feita no país. Durante os encontros de trabalho que manteve na Malásia, o presidente se mostrou impressionado com o desempenho da economia do país, que pretende passar à categoria dos "países desenvolvidos" no ano 2020. Mais tarde, em visita a uma fábrica de automóveis, FHC comentou que o modelo da Malásia não poderia ser seguido completamente pelo Brasil. 'Àlgumas lições são boas: a Malásia fez reformas, orientou-se para as exportações e não tem medo de competir no mercado externo", disse o presidente. "Mas seria impensável num país como o Brasil, de tradição ocidental arraigada, impor o mesmo tipo de disciplina que existe aqui", completou o presidente, referindo-se diplomaticamente às restrições políticas e às condições de trabalho impostas aos malaios. FHC acabou deixando para a noite um dos motivos de sua viagem à Malásia: a defesa da participação de empreiteiras brasileiras na construção da usina hidrelétrica de Bakum, uma obra de US$ 5 bilhões. No discurso feito no jantar oferecido pelo rei Tuanku Jaáfar e a rainha Najihah, FHC elogiou o projeto Bakum e lembrou que três empreiteiras brasileiras passaram pelo primeiro teste da concorrência internacional para a construção da hidrelétrica. Como não há vôos comerciais regulares entre Pequim e várias cidades da China e da Malásia que o presidente Fernando Henrique Cardoso está visitando desde sexta-feira, a Folha foi convidada e aceitou percorrer esses trechos no avião reserva da Presidência. Todas as outras despesas de transporte, hospedagem e comunicação correm por conta do jornal. Texto Anterior: Aeronáutica faz relato sobre Esca Próximo Texto: Cerimonial desafia a comitiva Índice |
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