São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Escolha de empresa foi dirigida, diz ACM

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse ontem que dispõe de nova prova contra o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia. Trata-se de documento que demonstra que a escolha das empresas que implantariam o Sivam foi direcionada.
O documento, segundo ACM, é um memorando em que as empresas Esca, Líder (Brasil) e Raytheon (EUA) formalizam acordo para atuar no Sivam antes mesmo de serem escolhidas pelo governo.
O contrato entre as empresas é datado de 8 de julho de 92. A Esca foi escolhida pelo governo bem depois, em dezembro de 93. A Raytheon, em julho de 94. Ambas foram contratadas sem licitação, durante o governo Itamar Franco.
ACM preside a supercomissão do Senado que apura indícios de irregularidades no Sivam. Ele disse que não divulgará o teor do documento antes de dar ciência a Fernando Henrique Cardoso.
Ele espera que o presidente o chame assim que voltar ao Brasil, na quinta-feira. O senador resolveu antecipar alguns detalhes do memorando porque, no último sábado, Fernando Henrique declarou, na China, que desconhecia o documento e acreditava que o senador não possuía cópia.
Entre as pessoas que assinam o documento estão, segundo ACM, o então presidente da Esca, Steve Ortiz, e o representante da Líder, Eduardo Vaz. Descobriu-se depois que a Líder defendia os interesses da Raytheon no Brasil.
ACM disse também que já está com novos relatórios do TCU (Tribunal de Contas da União). Os documentos também comprovam que a Raytheon mantinha contrato com a Esca antes de ser escolhida para fornecer equipamentos para o projeto.
O senador afirmou que o documento é mais uma peça para ser analisada pelo Senado, "que já tem certeza da inviabilidade" do projeto Sivam.
As denúncias contra o projeto levaram os líderes do governo no Senado a fechar acordo na semana passada que prevê a anulação do contrato com a Raytheon e abertura de licitação pública para implantação do projeto.
Pelo acordo, o Senado daria autorização para que o governo tomasse novo empréstimo no valor de US$ 1,4 bilhão para viabilizar o Sivam. O contrato de empréstimo com o banco norte-americano Eximbank seria anulado, porque prevê a participação da Raytheon.

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