São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Industriais confiam menos na abertura, diz pesquisa

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) apresenta hoje ao ministro Pedro Malan (Fazenda) pesquisa mostrando que caiu a confiança dos industriais na abertura econômica do governo FHC.
No ano passado, 90,1% dos pesquisados viam com bons olhos a abertura. Agora, são 70,4%, disse o chefe do departamento econômico da CNI, José Guilherme de Almeida Reis.
A diretoria da CNI vai reclamar, na reunião com Malan, das altas taxa de juros que, no entender da entidade, estão prejudicando não só as exportações como a competitividade da indústria com os produtos importados.
O presidente da entidade, senador Fernando Bezerra (PMDB-RN), disse ontem, ao ser divulgada a pesquisa anual Abertura Comercial e Estratégia Tecnológica, que se as taxas de juros continuarem no patamar atual, em 1996 haverá queda da produção industrial ou, em visão otimista, crescimento igual a zero.
Bezerra disse que a CNI proporá a Malan, como forma de assegurar um crescimento econômico entre 2% e 3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 1996, que a âncora cambial seja substituída pela âncora fiscal, o que permitiria um equilíbrio nas contas públicas e a consequente queda dos juros.
Apesar de a pesquisa apontar outros fatores, junto com a defasagem da taxa de câmbio, como a carga tributária do país em relação às dos países dos quais o Brasil importa e a dificuldade de conseguir financiamentos, o senador Bezerra preferiu bater na tecla dos juros.
Bezerra acredita que a dificuldade de financiamento por causa dos altos juros é um problema muito mais grave do que o do câmbio.
Por conta destes problemas, diminuiu o índice de empresários que consideram positivo o processo de abertura comercial.
A taxa de câmbio é considerada um obstáculo à expansão das exportações por 78% dos empresários ouvidos. No ano passado, apenas 55% viam a questão como prejudicial a seus negócios.
A pesquisa ouviu 814 empresas que empregam 600 mil pessoas, o que corresponde a cerca de 12% da mão-de-obra da indústria brasileira. Cada empresa ouvida tem em média 84 funcionários, o que qualifica as pesquisadas como médias e grandes empresas.

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