São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Major confessa fraude em morte de rapazes

DA REPORTAGEM LOCAL

O major da Polícia Militar paulista Osvaldo Santana confessou ontem em depoimento na 3ª Auditoria do TJM (Tribunal de Justiça Militar) que mandou seus subordinados forjarem um caso de "resistência seguida de morte".
Em 6 de novembro de 1986, dois PMs de uma rádio-patrulha teriam torturado e matado o adolescente Aprígio Roa Junior, 16, e Edgard Luis da Silva, 21.
Segundo a acusação do MPE (Ministério Público Estadual), outros quatro PMs do Tático Móvel teriam auxiliado o sargento Cláudio Manoel Falcão Figueiredo, 31, e um soldado a encobrir o crime. Os seis foram condenados a 12 anos de prisão em 1994.
Na semana passada, a defesa dos quatro PMs do Tático Móvel pediu revisão do processo e apresentou como testemunha o major Osvaldo Santana, a fim de provar que seus clientes eram inocentes.
Segundo o promotor Fernando Sérgio Barone Nucci, Santana depôs e disse que havia mandado os policiais do Tático Móvel se apresentarem no inquérito como envolvidos no suposto tiroteio a fim de tentar proteger o sargento Falcão.
Ele também disse que determinou que os policiais disparassem suas armas para que a perícia constatasse que elas haviam sido usadas recentemente.
Falcão ficou famoso em 1990, quando se passou por cinegrafista de TV para desarmar um ladrão que mantinha um revólver apontado para a cabeça de uma refém.
"Essa é a prova definitiva de que o crime do policial militar não pode ser investigado pela própria PM", disse o promotor.
O promotor pediu ao juiz Lauro Ribeiro Escobar Junior que o major fosse preso após o término do depoimento, mas o pedido foi negado. Escobar Junior afirmou que irá mandar cópias do depoimento do major para a Corregedoria da PM apurar o caso das ordens ilegais que Santana teria dado.

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