São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Contestação marcou local no final dos anos 70

DA SUCURSAL DO RIO

O crescimento da repressão policial aos usuários de maconha -que na praia de Ipanema fundaram há anos o seu "território livre" junto ao posto 9- foi responsável pela criação do chamado "posto 9,5".
O posto de salvamento marítimo número 9 fica no quarteirão da praia entre as ruas Vinicius de Moraes e Joana Angélica. Por se sentirem muito visados, alguns usuários de maconha mudaram-se para um trecho entre a Joana Angélica e a rua Maria Quitéria, batizando o local de "9,5".
Com seu apito pendurado no pescoço, Alexandre Santin critica o que classifica de "acovardamento" de pessoas que não querem enfrentar a Polícia Militar. Ele diz que vai continuar em seu espaço, junto ao posto 9.
Dunas
O local ficou conhecido no país como área de contestação comportamental e política na virada dos anos 70 para os anos 80. Um de seus símbolos maiores era o jornalista Fernando Gabeira, que ao voltar do exílio lançou ali sua minúscula tanga de crochê.
Para o sociólogo Luís Carlos Fridman, 44, o posto 9 dos anos 80 "deu um colorido mais politizado" à atmosfera cultural de contestação comportamental que, no início dos anos 70, em pleno regime militar, era representada pelo chamado píer, ou "as dunas do barato".
As "dunas do barato" eram bancos de areia formados pelas obras do emissário submarino de Ipanema, em frente à rua Farme de Amoedo. O local era frequentado por hippies e nomes como Jards Macalé, Caetano Veloso e Gal Costa, entre outros.
Pessoas fumando maconha e mulheres de topless já faziam parte do cenário do píer. Hoje em dia, no posto 9, Fridman detecta "um eco" do clima de contestação comportamental da Ipanema nos anos 70 e 80. "Mas certamente sem a mesma significação cultural", disse.

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