São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Bolsa cai e BC atua no over e no câmbio

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia do vencimento das opções, a Bolsa paulista fechou em baixa de 2,46%. O volume foi de R$ 773,005 milhões.
As opções de compra (o investidor adquire o direito de comprar ações por preços predeterminados) movimentaram R$ 190,9 milhões, registrando a segunda pior performance do ano. As opções de venda movimentaram R$ 106 milhões, com o pior desempenho no ano.
No Oriente, o presidente colocou a prêmio cabeças do BC para contornar a crise da pasta rosa.
FHC sabe que o governo vai gastar tempo (e tempo é dinheiro, literalmente) para reconstruir suas alianças no Congresso. Mas sem isso, o Real empaca.
O mercado agiu ontem como se já estivesse convencido de que a diretoria do BC mudará -questão de tempo e de achar sucessores.
Além da pasta rosa, pesou a decisão judicial de brecar o Proer (programa que incentiva fusões bancárias). Para alguns, brecou-se a solução, não o problema.
Não bastasse a desconfiança, fatores externos também contribuíram para abalar o mercado.
Por conta da crise entre o governo dos EUA e seu Congresso (de maioria republicana), que voltou a paralisar os serviços públicos, aumentou a probabilidade de o Federal Reserve (banco central dos EUA) não reduzir as taxas de juros em sua reunião de hoje.
A queda, faz tempo, era dada como certa. Se o juro dos EUA não cair ou cair menos do que se esperava anteriormente, é a Bolsa de Nova York que vai cair.
A Bolsa daqui sofreria as consequências, já que está carente de perspectivas e de compradores.
Na área de câmbio e juros, o BC, com quatro intervenções (duas em cada mercado), reiterou sua política. No over, emprestou dinheiro a 4,21% por dois dias e, depois, por um dia. Ou seja, manteve o juro na lua sem emitir sinais para janeiro.
No mercado flutuante (segmento do dólar-turismo), o BC, por duas vezes, vendeu dólares a R$ 0,971. Recado: a minibanda (R$ 0,971 é o teto) será mantida, por enquanto.
No fundo, os mercados de câmbio e juros estão parando. Não há grandes apostas. A única é que o juro cai em 1996. Cai se for mantida a atual diretoria; cai mais se a diretoria cair antes.

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