São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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O técnico do Bota é fogo; o resto é cinza

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o personagem do Campeonato Brasileiro de 95 chama-se Paulo Autuori. O técnico campeão pelo Bota é fogo; o resto é cinza.
Autuori tem a cabeça feita na reengenharia do futebol brasileiro: quer a qualidade total no seu elenco.
E foi o que conseguiu, na linguagem administrativa de hoje: otimizar os resultados com um elenco mediano, mas de muita produtividade e eficiência.
Ele engrossa o coro de técnicos como Telê Santana e Wanderley Luxemburgo, que lutam pela melhoria de condições de trabalho no futebol brasileiro.

Cabralzinho fez um ótimo trabalho no Santos. Foi ousado na formatação do time. Mas, às vezes, não é o número de atacantes que define o potencial ofensivo de uma equipe. Até este colunista, que já defendeu cinco atacantes na seleção brasileira, sabe disso. Cabralzinho entrou com seis atacantes, mas posicionou mal esses jogadores. Marcelo Passos, Giovanni e Jamelli ficaram muito estáticos e muito próximos no primeiro tempo, facilitando o trabalho da eficiente marcação do Botafogo.

Os dois times jogaram com dez jogadores e meio. Narciso machucou-se logo no primeiro minuto de jogo, e Donizete entrou sentindo a contusão muscular da primeira partida. Foram dois exemplos de raça e dedicação aos seus clubes.

Autuori foi esperto: como Donizete estava sem condições de exercer suas funções habituais de preparar as jogadas de ataque, ele recuou Túlio para essa função. Túlio fez mais do que isso. Foi uma espécie de quarto volante do Botafogo.

Don Giovanni, um personagem mozartiano, esbarrou anteontem no goleiro wagneriano do Botafogo.

A grande injustiça do Brasileiro de 96: Renato Gaúcho não entrou nas seleções que este colunista viu.

Tá tudo muito bem, tá tudo muito certo, o Botafogo ficou merecidamente com o título. Mas que o Túlio estava impedido, estava, e o Camanducaia, não. São erros do juiz que a torcida do Santos guardará para sempre.

Aliás, o crítico literário Antonio Candido de Mello e Souza, certamente um dos botafoguenses mais ilustres, reconheceu, objetivamente, que o juiz errou ao validar o gol de Túlio e ao invalidar o de Camanducaia.

O corintiano Serginho Groisman observou bem no "SBT Esporte". Os títulos de 95 foram bem distribuídos regionalmente. O Rio Grande do Sul, com o Grêmio, ficou com a Libertadores. São Paulo, com o Corinthians, com a Copa do Brasil. O Rio de Janeiro, com o Botafogo, com o Brasileiro. E o Atlético, em Minas, pode ficar hoje com a Conmebol.

Matinas Suzuki Jr escreve aos sábados, terças e quintas

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