São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Tela de Miró é danificada com tinta no Rio

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Uma pessoa danificou com tinta preta a tela "Mulheres na Rua", do pintor catalão Joan Miró (1893-1983). A peça, avaliada em US$ 1 milhão, fez parte da mostra "Caminhos da Expressão, em cartaz até anteontem no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), no centro.
Em acrílico sobre tela, "Mulheres na Rua" traz as impressões das duas mãos de Miró e desenhos nas cores preto, azul, amarelo, vermelho e verde. A pessoa deixou uma terceira mão na metade do quadro, a 15 cm da margem direita.
Silvia Bazzoni, restauradora contactada pelo CCBB para avaliar o dano, disse que o material é cola plástica colorida, muito utilizada por crianças na escola.
O diretor do CCBB, Cláudio Vasconcelos, afirmou que houve falha na segurança, mas disse que coisas semelhantes acontecem em museus do mundo inteiro. "Caso contrário, não haveria exposições, tudo ficaria guardado em baús."
A tela ficou com outras vinte obras numa sala de 290 metros quadrados de área, guardada por dois seguranças e filmada por duas câmeras de vídeo. Segundo Vasconcelos, o seguro total da mostra é US$ 80 mil.
A administração do CCBB vai dar queixa à polícia. As fitas de vídeo estão sendo analisadas, para verificar se foi filmado o momento em que a pessoa danificou a obra. O CCBB não permitiu que o quadro danificado fosse fotografado.
Aina Bibiloni, diretora da Fundação Miró, que administra a obra do pintor, chega hoje ao Rio para avaliar o dano e decidir sobre a restauração. O contrato da exposição não permite que a peça seja transferida ou restaurada sem autorização por escrito da Fundação.
A restauradora Silvia Bazzoni disse que a restauração poderá ser feita com solvente, para amolecer a cola, seguida de uma raspagem com bisturi.
"É um material fácil de ser retirado, mas é preciso ter muito cuidado para não danificar a tela porque a cola é solvente em plástico e o acrílico também", disse.
Segundo ela, a mão pintada pelo vândalo é pequena (17cm x 14cm), mas maior que a mão de uma criança. Há acúmulos de cola nas pontas dos dedos, o que dificultaria a leitura de impressões digitais. A mostra "Caminhos da Expressão" segue hoje para São Paulo. Segundo Cláudio Vasconcelos, até ontem estava mantida a exposição no Museu de Arte Moderna, de 9 de janeiro a 15 de fevereiro.

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