São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995 |
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Pesquisas e palavrões
MARIA ERCILIA
Já o protesto nacional americano da terça passada, via fax, e-mail e telefone, foi um dilúvio -quase 20 mil pessoas participaram (mais detalhes no http://www.vtw.org). Micreiro não gosta mesmo de sair de casa, mas se for para mandar um mail... A lei vai passar pelo estágio final de aprovação no próximo dia 22. Essa história de censura na Internet está mesmo muito maluca. A America On Line, por exemplo, deu uma radicalizada este mês -resolveu proibir a palavra "breast" (seio). O detalhe foi que uma usuária da conferência da Sociedade Americana do Câncer teve seu perfil apagado da AOL por causa da palavra. Foi um escândalo. A Sociedade do Câncer reclamou, a AOL se retratou etc. etc. Também esse mês, a AOL censurou alguns títulos de vídeos gays vendidos em seu serviço. Vai entender. Um interneteiro paciente juntou na página http://www.cloud9.net/~jegelhof/ uma quantidade de documentação sobre censura interna na AOL, segundo ele obtida de funcionários insatisfeitos da empresa. Vale uma olhada. Outro antídoto para a ameaça puritana: Rich Salz produziu uma das páginas mais inteligentes e engraçadas da Web. No endereço http://www.osf.org/~rsalz/ xxx.html ele colocou "A Página mais Quente da Internet". Trata-se de uma coleção de 12 palavras pesadas (as mais delicadas são espancamento e bestialismo), em ordem alfabética, que se repetem dezenas de vezes ao longo da página. Mas qual a intenção? Simples: toda vez que alguém consulta um índice ou programa de busca na Web (como o Lycos e o WebCrawler) usando uma das palavras selecionadas por Salz, cai na página e sai frustrado, já que encontra apenas uma espécie de poema concreto. O que Salz ganha com a piada? Sua página tem índices de acesso altíssimos, provando que sexo e programas de busca estão entre os dois itens mais requisitados da Internet. Ele conseguiu transformar algo impessoal como uma pesquisa por palavra-chave numa maquininha produtora de ironia. E a melhor parte é ler mensagens iradas ou divertidas de quem vai parar na "página mais quente da Internet". Aliás, o índice Yahoo (http://www.yahoo.com) na semana passada registrou 10 milhões de acessos em um dia; tem sido usado por 800 mil pessoas por dia. Pesado, não? Gratuito para quem usa, o Yahoo faz dinheiro com anúncios nas suas páginas. Os índices são ótimos para monitorar o crescimento da Internet. No Brasil já surgiram vários, como o Yaih? (http://www.ci.rnp.br/si), uma simpática paródia do Yahoo. Outro dia contei os endereços do Yaih? Deu 927. Não é pouco. Em janeiro deste ano, se você colocasse a palavra Brasil no Yahoo, viriam somente 12 endereços. Hoje vêm 186 (29 se você escrever Brasil com "s"...). Mande seu mail para NetVox no endereço netfolha@sol.uniemp.br Texto Anterior: Tela de Miró é danificada com tinta no Rio Próximo Texto: netnotas Índice |
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