São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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González quer tentar quarta reeleição

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do governo espanhol (premiê), Felipe González, vai tentar sua quarta reeleição e, portanto, sua quinta vitória consecutiva nas eleições previstas para março de 1996.
Ontem, González curvou-se à insistência da Executiva de seu partido (o PSOE, Partido Socialista Operário Espanhol) e aceitou candidatar-se de novo, decisão que, de qualquer forma, só será referendada na sexta-feira.
Até então, González insistia, pelo menos de público, em que o PSOE procurasse outro candidato, alegando que os 13 anos de poder o haviam desgastado demais.
Mas, reservadamente, o premiê deixava claro que sua intenção era mesmo a de concorrer de novo, enfrentando o risco de uma campanha eleitoral em meio a uma torrente de acusações sobre seu partido e sobre ele próprio.
Acusações que vão de corrupção a ocultamento de informações sobre um "esquadrão da morte" supostamente patrocinado pelo governo e responsável pelo assassinato de 27 militantes da organização separatista basca ETA (Euskadi Ta Askatasuna, ou Pátria Basca e Liberdade).
Em conversa com a Folha em outubro, González dizia-se "muito pressionado" para aceitar a nova candidatura e deixava escapar planos para um futuro que iam muito além de março de 1996.
Não é difícil apontar as razões para a que será a sétima candidatura consecutiva de González (duas derrotas e quatro vitórias, nas seis anteriores).
1 - O premiê nunca escondeu seu desprezo pelas qualidades de seu principal adversário, o conservador José Maria Aznar. Por isso, não deve achar difícil batê-lo de novo, apesar de as pesquisas apontarem, hoje, entre oito e dez pontos de vantagem para Aznar.
Na eleição anterior (1993), Aznar também liderava, até o último debate entre os dois na TV. González fulminou o rival: "É impressionante a solenidade com que o senhor diz obviedades". Ganhou a reeleição e aposta que pode operar um novo milagre em março.
2 - Falta de um nome alternativo no PSOE. O único "histórico" remanescente, Javier Solana, acaba de ser indicado secretário-geral da Otan, a aliança militar ocidental, liderada pelos EUA.
3 - O receio de que a desistência fosse entendida como uma espécie de confissão de culpa, uma rendição sem luta, o que não combina com o temperamento de González.

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