São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Julgamento de Amir começa hoje em Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Começa hoje em Tel Aviv o julgamento de Yigal Amir, o assassino confesso do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin.
Apesar de ter sido preso logo após acertar dois tiros em Rabin, após um comício pela paz em 4 de novembro, Amir pode não se declarar culpado e tentar transformar o julgamento em tribuna política.
"É claro que ele não pode negar os disparos, mas pode dizer que não é culpado de assassinato por causa de provocações da vítima", disse o especialista em leis israelenses Moshe Negbi.
"Isso daria a ele a chance de colocar argumentos políticos contra o governo. Ele pode fazer isso com objetivos propagandísticos", afirmou Negbi.
Amir, um estudante de direito de 25 anos, afirma ter matado Rabin porque o premiê estava entregando terras sagradas aos árabes.
Ele tem declarado que teve o apoio da nação para matar Rabin. "Não foi apenas o meu dedo que puxou o gatilho, mas a nação inteira, que por 2.000 anos sonhou com este país e derramou seu sangue por ele", disse em um de seus depoimentos.
Os advogados de Amir não foram encontrados ontem para comentar a estratégia da defesa.
Um funcionário do escritório dos defensores de Amir disse que eles vão pedir que o julgamento seja adiado e que ele não se declarará culpado ou inocente na sessão de hoje.
Segundo ele, os advogados precisam de mais tempo para estudar o material do caso.
Amir é acusado de homicídio premeditado contra Rabin e de ferir um guarda-costas. Ele pode ser condenado à prisão perpétua.
O veredicto e a pena serão dados por três juízes. O sistema judiciário israelense não tem júri popular.
Hagai, irmão de Amir, e um amigo dos dois, Dror Adani, também são acusados de participar da conspiração para matar o premiê. O julgamento dos dois deve ocorrer no início do ano que vem.
O Ministério da Justiça de Israel enviou cartas de advertência a sete membros do Shin Bet, a polícia secreta do país.
A advertência tem o objetivo de dar tempo para que eles preparem sua defesa antes que sejam chamados a depor pela comissão encarregada de apurar falhas na segurança de Rabin, que estava sob responsabilidade do Shin Bet.
A comissão retoma seus trabalhos em 31 de dezembro.
Entre os que receberam a carta está o chefe do Shin Bet, conhecido apenas como "K".
O envio das cartas é considerado um golpe para a reputação do serviço secreto israelense.
A Rádio Israel disse que a comissão que investiga o assassinato descartou a possibilidade de ter havido uma conspiração entre Amir e agentes do serviço secreto.
Durante um de seus depoimentos, Amir insinuou que um dos agentes do Shin Bet o teria ajudado a criar um tumulto no momento do assassinato, mas em todas as outras ocasiões ele afirmou que agiu sozinho.

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