São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Lei da selva

O assassinato do vereador petista Manoel Ribeiro, de Corumbiara, teve ao que tudo indica motivações políticas, provavelmente ligadas à contenda entre trabalhadores sem terra e fazendeiros. Ribeiro era simpático ao primeiro grupo.
Esse vilarejo perdido no interior de Rondônia vem, infelizmente, aparecendo nas páginas dos jornais com muito maior frequência do que deveria. Também foi Corumbiara o palco do massacre em que a PM local chacinou 12 pessoas em 9 de agosto último.
Todos sabem portanto já há muito que a região é literalmente um barril de pólvora. Ribeiro já recebera várias ameaças anônimas de morte. O governador de Rondônia, Valdir Raupp (PMDB), tinha conhecimento de que o vereador estava jurado de morte, mas diz que não tem nenhuma responsabilidade porque Ribeiro "nunca pediu proteção". Ora, o "caput" do artigo 5º da Constituição estabelece o direito de inviolabilidade à vida sem nenhuma exigência de pedir ou não proteção especial quando alguém se sente ameaçado. Corumbiara não tem nenhuma delegacia de polícia, e só agora o governador Raupp cogita de abrir uma.
A questão fundiária no Brasil está ganhando as dimensões de uma pequena guerra civil. Como que por coincidência, Ribeiro foi assassinado a apenas quatro dias do sétimo aniversário da morte do ambientalista Chico Mendes, cujos assassinos confessos e condenados estão em liberdade, foragidos.
E essa impunidade não pode ser tolerada, pois é ela quem alimenta a terrível espiral da violência no campo. É evidente que toda a estratégia do MST (invadir terras alheias) está à margem da lei e, enquanto tal, deve ser condenada. Ordenar um assassinato, porém, é crime ainda mais grave. Deve, assim, ser investigado e punido com muito maior rapidez e vigor.
Resta esperar que as autoridades policiais de Rondônia ou mesmo da PF localizem e prendam os assassinos de Ribeiro, o quanto antes.

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