São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Procurador-geral corre atrás do prejuízo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao determinar a abertura de inquéritos sobre a pasta cor-de-rosa e os envolvidos no "grampo" da PF (veja texto à pág. 1-5), o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, tenta correr atrás das ações dos procuradores e subprocuradores do órgão insatisfeitos com sua atuação.
No caso da pasta rosa, Brindeiro se antecipou e atropelou os quatro subprocuradores da Câmara do Patrimônio Público que anunciaram anteontem a disposição de chamar a PF para apurar o caso.
Foram eles que requisitaram, há duas semanas, a pasta cor-de-rosa e exigiram, na semana passada, que o Banco Central enviasse os originais dos documentos para a instauração de inquérito policial.
Brindeiro reuniu-se com os subprocuradores anteontem à noite, em seu gabinete, com o pedido para não ser interrompido. Em clima tenso, ele trocou acusações com a subprocuradora Ela Castilho, para quem Brindeiro estaria prejudicando a instituição.
No caso do "grampo", Brindeiro só fez criar mais uma ordem de inquérito sobre o mesmo caso. A ligação entre o embaixador Júlio César Gomes dos Santos e o empresário José Assumpção, dono da Líder Táxi Aéreo, já está sendo investigada pela PF.
Há duas semanas, outros quatro procuradores da República no DF também fizeram pedido semelhante. Desde o início, Brindeiro defendeu a tese de que, por ser ilegal, o "grampo" seria a "árvore contaminada que só poderia gerar frutos envenenados".
Brindeiro afirmou que não é verdade a crise interna instalada na instituição seis meses após a sua posse. Mas ninguém foi nomeado para substituir, nas férias, o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Álvaro Costa, um dos desafetos de Brindeiro.
Na semana passada, o procurador Aurélio Rios, dedicado à questão indígena, pediu para sair da Câmara de Minorias. Disse que Brindeiro é insensível ao assunto.

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