São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Presidente elogiou a "garra" do nordestino no programa de rádio

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No programa "Palavra do Presidente" veiculado ontem, Fernando Henrique Cardoso exaltou o potencial econômico da região Nordeste e afirmou que o governo aplicou mais de R$ 200 milhões para concluir 50 obras paralisadas.
FHC disse ser preciso primeiro acabar as construções e resolver o problema da falta de água antes de pensar em novos investimentos. A seguir, a fala do presidente:

O Nordeste é solução. Eu tenho dito isto desde a campanha eleitoral do ano passado. E eu quero repetir: o Nordeste não é problema. O Nordeste é solução. E eu digo isso porque eu conheço a região de perto.
Você sabia que, durante o chamado milagre brasileiro, entre 1960 e 1980, quando o Brasil cresceu, o Nordeste cresceu ainda mais? E que nos anos seguintes, quando o país começou a andar pra trás, como se diz, o Nordeste andou pra frente? Pouca gente sabe disso.
O nordestino tem muita garra. O que falta é oportunidade. O que falta é respeito a esse homem tão sofrido e castigado pela seca, ano após ano. Nós já estamos mudando isso. Estamos terminando as obras que já existem. Só este ano aplicamos mais de R$ 200 milhões, para iniciar a conclusão de 50 obras inacabadas, nos Estados de Pernambuco, Bahia, Piauí, Ceará, Alagoas, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte e norte de Minas Gerais. Todas ligadas a um dos principais problemas da região: a falta de água.
Já inauguramos o açude de Serafim Dias, no Ceará. A comunidade esperava por isso desde o início do século. Mas ainda há muito por fazer.
Veja só: tem obras que já começaram a ser construídas há mais de dez anos, outras que já estão quase prontas, como é o caso do açude Serrinha, em Serra Talhada, no Estado de Pernambuco. 95% do açude já está pronto.
Em Souza, na Paraíba, os moradores esperam a construção do canal adutor do Sistema Urema-Mãe d'Água há quase 50 anos. Isso é um desrespeito com o dinheiro do contribuinte e com a esperança do povo sofrido do Nordeste. É por essa razão que, primeiro, eu quero terminar as obras que estão paradas.
Fazendo isso, vamos beneficiar quase 5 milhões de pessoas e aumentar a área irrigada pelo governo lá no Nordeste.
Hoje, a área irrigada na região, pelo poder público, é de 70 mil hectares. Dentro de quatro anos, teremos 127 mil hectares irrigados.
O aumento da área irrigada do Nordeste significa mais dinheiro no bolso da população, significa mais emprego, mais desenvolvimento para a região. Quando estiver pronta, a barragem do Castanhão, no Ceará, terá uma capacidade de armazenagem de água três vezes maior do que tem hoje o açude de Orós, o maior da região. Com todas as 50 obras concluídas, a água acumulada do Nordeste vai representar 30% da água acumulada desde o descobrimento do Brasil até hoje.
Se os benefícios são tantos, por que essas e outras tantas obras estão paralisadas pelo país afora? Estão paradas por vários motivos. Porque a inflação comia grande parte do dinheiro. Porque o Orçamento feito no Congresso tinha objetivos eleitorais. E porque, muitas vezes, os recursos eram liberados, mas não chegavam ao seu destino. Mas isso mudou. Já acabamos com esse vício. A conclusão dessas 50 obras do Nordeste foi definida junto com prefeitos, com governadores e com a ajuda do Congresso.
É assim que eu gosto de trabalhar. Com os pés no chão e ouvindo os principais interessados. De que adiantaria começar novas obras e não terminar as que já estão em andamento? Eu disse que não iríamos mudar o Brasil com fórmulas milagrosas e nem de uma hora pra outra. Vamos mudar o Brasil, e pra melhor, trabalhando sério e colocando sempre, em primeiro lugar, os interesses do povo e os interesses do Brasil.

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