São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Câmara veta 'apartheid' em elevador

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou ontem o projeto de lei 492/94, que proíbe a discriminação de pessoas em elevadores em função de sua condição social, raça ou cor -uma espécie de "apartheid" que ainda sobrevive em inúmeras cidades brasileiras.
O projeto, aprovado por voto das lideranças (sem o voto nominal de cada vereador), será agora enviado ao prefeito Paulo Maluf, para sua sanção ou veto.
O projeto prevê multa de 30 UFMs (unidade fiscal do município), o equivalente a R$ 1.162,20 em dezembro, ao condomínio que impedir, por exemplo, o uso do chamado elevador "social" por empregadas domésticas, obrigando-as a andar pelo elevador "de serviço". Em caso de reincidência, a multa será aumentada em 100%.
Se o projeto for sancionado por Maluf, todos os edifícios da cidade, públicos ou particulares, serão obrigados a exibir um cartaz ou uma placa lembrando os usuários sobre a existência da lei.
A placa deve ter os seguintes dizeres: "É vedada, sob pena de multa, qualquer forma de discriminação em virtude de sexo, cor, origem, condição social, idade, porte ou presença de deficiência e doença no acesso aos elevadores deste prédio".
Maluf não deverá se manifestar sobre o projeto antes de receber um parecer de sua assessoria técnico-legislativa. Segundo o assessor-chefe de imprensa, Adilson Laranjeira, a assessoria do prefeito tem até 60 dias para dar uma opinião sobre a legalidade do projeto aprovado pela Câmara. O projeto de lei não especifica como será feita a fiscalização e aplicação da multa.
"Empregada não quer ser patrão, quer ser gente", costuma dizer Cacilda Gomes Pimenta, a presidente do sindicato.
A aprovação do projeto pela Câmara também foi comemorada por militantes dos direitos dos negros.
"Acho que o Brasil é o único país do mundo em que o elevador é utilizado como mecanismo de distinção de cor e de classe social. Já fui encaminhada várias vezes ao elevador de serviço", diz a advogada Sonia Maria Nascimento, coordenadora do SOS Racismo, entidade que acolhe denúncias de discriminação.

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