São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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'Já estava na hora disso acabar', diz empregada

Ela afirma que usará elevador social 'sem nenhum problema'

DA REPORTAGEM LOCAL

A empregada doméstica Jordelina Sancha da Silva, 44, acha "superpositiva" o projeto de lei aprovado ontem pela Câmara Municipal, proibindo a discriminação nos elevadores.
"Já estava na hora disso acabar", afirma Jordelina, que trabalha em um apartamento tríplex num dos prédios mais sofisticados do Itaim Bibi (zona oeste de São Paulo).
Ela diz que segue as normas do condomínio e usa sempre o elevador de serviço. Mas afirma que, caso a lei seja sancionada pelo prefeito Paulo Maluf, passará a "usar o elevador social sem nenhum problema".
Jordelina, que trabalha há 16 como empregada doméstica, atribui a proibição do uso do elevador social a "puro preconceito contra as empregadas".
"Se a pessoa é honesta, trabalhadora, por que tem que ser tratada de forma diferente?"
Apesar de seu patrão apoiar o fim do "apartheid" nos elevadores, ela prevê que o projeto aprovado ontem vai enfrentar "muita resistência no dia-a-dia" caso vire lei.
"Tem muita gente que acha que não pode se misturar com os empregados", afirma.
Jordelina acha que, mesmo carregando compras, as empregadas devem ser autorizadas a usar qualquer um dos elevadores do prédio.
"É claro que precisa haver disciplina. Não se deve deixar fazer sujeira no elevador. Mas o que não dá para admitir é o preconceito", afirma.

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