São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995 |
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Juro menor nos EUA tira México da UTI
GILSON SCHWARTZ
O consenso é que a crise econômica mexicana está quase superada, mas o rastro de problemas políticos é sangrento e cheira mal. Como crise política é sinônimo de abalo na credibilidade, o resultado pode ser a volta dos capitais especulativos no curto prazo, sem que os problemas estruturais, políticos e econômicos, sejam de fato resolvidos logo. As revistas de negócios falam agora dos riscos associados à "narcodemocracia" mexicana. O escândalo envolvendo a família Salinas é um importante fator de instabilidade. Para compensar, na economia o México seguiu à risca as receitas do FMI, reverteu por meio da recessão e da desvalorização cambial o déficit no comércio exterior e volta a ser destaque como opção de investimento. O desemprego, que pelos números oficiais bateu em quase 8% em agosto, recuou em novembro para 6%. O problema econômico central, entretanto, é a retomada dos investimentos diretos, dinheiro que cria raízes, gera emprego, amplia a capacidade produtiva ou mesmo assume empreendimentos estatais. Nessa área, as dificuldades são enormes e tendem a crescer com a recessão. Afinal, ninguém amplia a capacidade quando uma economia encolhe. Um exemplo dramático dessa dificuldade aparece na última edição da revista inglesa "The Economist". O governo mexicano privatizou as estradas, mas dos 52 consórcios formados para tocar o negócio apenas quatro conseguiram sobreviver sem o resgate do governo. Entre outras razões para o fracasso está o aumento astronômico do pedágio, que afastou a freguesia e inviabilizou o projeto. Taxas de juros menores nos EUA certamente trarão algum alívio. Mas mesmo saindo da UTI, o México ainda tem muitos cortes para cicatrizar. Texto Anterior: O mito do 'social dumping' Próximo Texto: Saiba o que é a crise mexicana Índice |
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