São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mestres europeus terão mostras em 96

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Festivais à parte, a agenda de mostras especiais de cinema de 1996 em São Paulo prevê retrospectivas de mestres do moderno cinema europeu e focos em cinematografias pouquíssimo conhecidas. A celebração do centenário da chegada dos filmes no Brasil (junho) pauta até aqui apenas iniciativas isoladas.
O Espaço Banco Nacional de Cinema prepara um curso em oito módulos, batizado "Cem Anos de Cinema no Brasil". A primeira etapa acontece já no início do ano, estendendo-se até fevereiro, e vai reunir semanalmente pares de diretores e produtores hoje atuantes.
O calendário de ciclos esquenta para valer a partir de março. Desembarca finalmente no MIS a retrospectiva completa de Leon Hirszman ("Eles Não Usam Black-Tie") organizada por Carlos Augusto Calil, neste semestre, no Centro Cultural Banco do Brasil no Rio. A Cinemateca exibe trinta curtas e longas de ninguém menos que David W. Griffith.
Ainda em março, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) junta-se ao The British Council para apresentar uma curta mostra da obra do subestimado diretor britânico David Lean (1908-1991). A seleção de sete filmes, dentre os 16 realizados por Lean, retrata bem as diversas fases de sua carreira, da estréia com "Nosso Barco, Nossa Vida" (1942) às maiores adaptações de Dickens ("Grandes Esperanças" e "Oliver Twist"), do refluxo de prestígio com "As Cartas de Madeleine" (1950) à explosão internacional com épicos como "Lawrence da Arábia" (1962).
A experiência alemã com a parceria cinema-TV pauta no mesmo mês um ciclo de filmes e debates na ECA-USP e no Cinusp, coordenado pelo Instituto Goethe. A mesma instituição organiza ainda no primeiro semestre um ciclo comparativo da questão do exílio no cinema brasileiro e alemão.
O Goethe prepara também mostras dedicadas às metropóles, à comédia alemã dos anos 90 e à influência recíproca entre a obra teatral e a cinematográfica de Rainer Werner Fassbinder (1945-1982).
O CCSP agendou uma série de ciclos dedicados a cinematografias nacionais com restrita presença mesmo nas salas de arte. No primeiro semestre será a vez da produção búlgara, árabe, israelense e japonesa. No segundo, de filmes de duas ex-repúblicas soviéticas: a Geórgia e a Armênia. Já a Cinemateca focaliza o cinema tcheco, polonês e de Taiwan.
O The British Council exibe no CCSP em setembro uma seleção de filmes de Lindsay Anderson (1923-1994). Crítico de origem, ideólogo do "Free Cinema" que revolucionou a produção inglesa no final dos anos 50, Anderson foi talvez a mais influente personalidade cinematográfica da Grã-Bretanha do pós-guerra. De Ken Loach a Stephen Frears, são todos seus discípulos, como provam filmes como "Se" (1968) e "Um Homem De Sorte" (1973).
Não menos importante é o ciclo com os primeiros filmes de Ingmar Bergman que a Cinemateca exibe no segundo semestre. Agnes Varda, Antonioni e a dupla Vittorio De Sica e Cesare Zavatini também ganham retrospectivas.

Texto Anterior: 'Alma Corsária' vence prêmio Cidade de SP
Próximo Texto: Produção inglesa humaniza monarquia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.