São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Boris Ieltsin mantém governo russo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro da Rússia, Viktor Tchernomirdin, negou ontem que planeje qualquer mudança no seu governo. O partido de Tchernomirdin, Nosso Lar É a Rússia, ficou em terceiro nas eleições parlamentares de domingo, em uma indicação de desaprovação às reformas do premiê.
Os adversários dele -principalmente os comunistas, vitoriosos- aproveitaram os resultados para tentar derrubar o gabinete. "O governo pretende manter sua linha econômica. O que é essencial para nós é a estabilidade, sobretudo a estabilidade econômica", disse Tchernomirdin.
Ao falar em estabilidade, Tchernomirdin mantém o discurso de campanha eleitoral do governo. Na véspera da eleição, o presidente Boris Ieltsin foi a TV fazer um apelo pela manutenção das reformas, o que excluiria o voto nos comunistas e nos nacionalistas.
O discurso de ontem de Tchernomirdin foi feito no Conselho Federal (Senado), após um encontro com Ieltsin. O tema do encontro, oficialmente, foi o Orçamento russo para 1996, aprovado ontem.
Mas durante a reunião Ieltsin disse que pretende manter Tchernomirdin e todo o ministério no cargo, apesar do fracasso eleitoral.
As declarações defensivas de Tchernomirdin surgem quando o resultado oficial da eleição para a Duma (equivalente à Câmara dos Deputados) ainda é desconhecido.
O prosseguimento das apurações, ontem, continuava dando vantagem aos comunistas, embora a votação do PC tenha caído em um ponto percentual (veja abaixo).
O PC russo deve ficar com cerca de 40% da Duma. Em segundo lugar vem o Partido Liberal Democrático, do líder ultranacionalista Vladimir Jirinovski.
O PC que venceu a eleição de ontem guarda poucos pontos em comum com seu antecessor soviético (leia abaixo). Poucos de seus políticos tiveram cargos importantes naquele regime.
Ontem, a estrela do comunismo russo, Guennadi Ziuganov, disse que não há mais lugar para "mentalidade de blocos" no mundo.
O líder do Iabloko, Grigori Iavlinski, propôs que todos os partidos reformistas se unam para lançar um candidato único à Presidência da Rússia, em junho.
A coligação passaria pelo Nosso Lar É a Rússia, de Tchernomirdin, a quem Iavlinski acusa como culpado pelo aumento da pobreza.
Pressionados pelas tropas russas, os guerrilheiros separatistas da Tchetchênia começaram a se retirar da cidade de Gudermes, a segunda maior da república rebelde.
O comando militar russo cancelou um ataque à cidade para permitir que os civis se retirassem.

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