São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Saldo positivo

O resultado da balança comercial foi positivo em novembro, pelo quinto mês consecutivo. Embora tenha sido um saldo pouco significativo (US$ 15 milhões), é animador que o governo tenha revertido a tendência de déficits crescentes, manifesta no início do ano.
O desaquecimento da economia está certamente entre as razões principais dos saldos positivos. Com um ritmo de crescimento menor, reduz-se também a parcela da renda gasta em importações. Sob esse aspecto, o cenário para os próximos meses parece continuar tranquilo. Mesmo que o governo reduza os juros e as restrições sobre o crédito, é quase impossível reviver as taxas de crescimento "chinesas" dos primeiros meses do real.
O declínio dos juros nos EUA e Europa também é favorável. As taxas mais baixas estimulam essas economias, que assim importam mais, inclusive do Brasil.
Esses elementos positivos não eliminam, porém, a dúvida quanto ao efeito futuro de uma retomada do crescimento aqui. Se nos últimos meses a desaceleração conteve os déficits, existe o risco de que a retomada possa trazê-los de volta.
O chamado "custo Brasil", ademais, é um problema que não foi atacado. Para competir nos mercados internacionais, os produtores brasileiros precisarão reduzir custos. Mas muitos desses custos devem-se a deficiências crônicas de infra-estrutura, leis trabalhistas e à desordenada carga tributária.
Menos mal que o país tenha evitado os déficits. A inércia no enfrentamento de alguns desafios recomenda, porém, cautela.

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